Valor Econômico (2020-08-01, 02 e 03)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 10 da edição"03/08/2020 1a CAD A" ---- Impressapor LGerardi às 02/08/2020@20:29:4 5


A10|Valor|Sábado,domingoe segunda-feira, 1, 2 e 3 de agosto de 2020

Política


Democracia tributária


Baleia Rossi


O


debatesobrea
necessidadede
umareforma
parasimplificar,
racionalizaredar
equilíbrioaosistematributário
brasileirojásearrastahá
anos.Emtodasaseleiçõesa
partirdaConstituiçãode1988,a
reformasempreapareceucomo
bandeiradecampanhade
presidenciáveis.Pode-sedizer
que,desdeentão,háalguma
comissãodebruçadasobreo
temanoCongresso.Maisde
umavez,apareceramconsensos
sobreumamudançaououtra.
Aindaassim,osistema—cuja
origemédadécadade1960—
nuncafoialterado.Aocontrário,
ficoumaiscaro,complexoe
fracassounadistribuiçãoda
riqueza.Éprecisoadmitirque
quemolhaparaopassadonão
encontramotivosparater
esperançanofuturo.
Masosfatosindicamo
oposto.Odebateamadureceue
areformatributáriaestápronta
parasercolhida.Oprimeiro
sinalpodeserpercebidoem
abrildoanopassado,quando
colhiasassinaturasnecessárias
paraapresentaraPropostade
EmendaConstitucional(PEC)
45.Bastouumatardeparaque
deputadosdosmaisdiversos

partidoseorientações
ideológicasendossassemotexto
quesubstituicincotributospor
apenasum.Elaboradacombase
emestudosdoCentrode
CidadaniaFiscal(CCiF),aPEC
eliminaosfederaisIPI,PISe
Cofins,oestadualICMSeo
municipalISS.Elescedemlugar
aoImpostosobreBenseServiços
(IBS),queacabacomaguerra
fiscal,simplificaosistema,reduz
acargasobreaeconomiareale
abreespaçoparaqueoPIB
cresça20pontospercentuaisem
15anos.
OpresidentedaCâmarados
Deputados,RodrigoMaia
(DEM-RJ),dáprioridadeabsoluta
aoprojeto.Opresidenteda
comissãoespecialdaCâmaraque
analisaaPEC,HildoRocha
(MDB-MA),eorelator,Aguinaldo
Ribeiro(PP-PB),trabalhamduro
noaperfeiçoamentodotextoena
buscadeconsenso.Muitojáfoi
obtido.ApoiamaPECoConfaz,
quereúneossecretáriosestaduais
deFazenda,ealgumasdasmais
importantesassociações
municipais.Muitasdaslideranças
empresariaismaisexpressivasdo
paístêmdefendidoasmudanças
emartigoseentrevistas
publicadospelaimprensa.
OSenadotrabalhanomesmo
sentidoqueosdeputados.
Ninguémmenosqueopresidente
daCasa,DaviAlcolumbre
(DEM-AP),assinaaPEC110,
recheadadeconvergênciascoma
propostadaCâmara.Ambas

podemedevemserfundidas,
trabalhoiniciadopelacomissão
mistapresididapelosenador
RobertoRocha(PSDB-MA).Muito
aguardada,anotíciaquefaltava
paracompletaroquadro
favorávelfoidivulgadahádez
dias.Ogovernoenviouuma
propostadereformatributária
elaboradapelaequipedo
ministrodaEconomia,Paulo
Guedes.Otextoguarda
semelhançascomasPECs45e
110,umaprovadequeogoverno
apostaemuniresforçoscomo
Parlamento.
AdisposiçãodaCâmara,do
Senadoedogovernofederalem
somaresforçosjáseriaporsisó
dignadecomemoração.Mashá
maisdoqueisso.Assimilitudes
entreostrêsprojetosrevelamum
diagnósticocomumnasesferas
depoderfederaleleitonasurnas.
Éprovadequeasociedade
indicou,pormeiodeseus
representantes,quechegouaum
consensosobreoproblema
tributárioesobreassoluçõesque
pretendequesejamadotadas.
Cabeaessesrepresentantes,o
Parlamentoeogoverno,cumprir
avontadeexpressaemvotos.
Foramnecessários30anospara
quesealcançasseoestágioatual.
Pode-severesseperíodocomo
tempoperdido.Ou,deoutra
forma,entendê-locomouma
construçãodeumasociedade
democrática,emqueas
mudançasdaConstituição
precisamsernãoapenas

pactuadascomasociedade,mas
construídascomela.Foiassim
comareformatrabalhista,coma
reformadaPrevidênciaecoma
criaçãodotetodegastospúblicos
–iniciativasqueoMDB
patrocinouenasquaisteveum
papeldecisivo.
Nãopoderiaserdiferentecom
areformatributária,quealterade
formaprofundaasrelaçõesde
distribuiçãoderecursosentrea
Federaçãoeapopulação.Está
claroqueaprimeiratarefaéa
simplificação.Depois,espera-se
queonovosistematributário
propiciemaisjustiçafiscal,queos
ricospaguemmaisqueospobres
eosimpostossejammenos
regressivosemaisdistributivos.
Mais:quemelhoreoambientede
negócios,estimuleaatividade
econômicaeageraçãode
empregoerenda.
Épossívelquenãosealcancem
todosessesobjetivosdeumasó
vez.APEC,porexemplo,não
encerraareformatributária,ao
contrárioapenasainicia
reorganizandoatributaçãosobre
oconsumo.Muitasoutras
mudançassãonecessárias.Masé
precisocomeçarporalgumlugar
eéondehámaisconsenso.É
assimnademocracia.Éarazãoea
missãodoMDB:democraciana
política,nasociedadeenos
tributos.

Baleia Rossié deputado federal por São
Paulo, presidente do MDBe líderda
bancadado partido

Governo busca roupagem nova para imposto combatido


LuAikoOttae EdnaSimão
De Brasília

Comsua estratégia para o pós-
pandemiacadavez maisdepen-
denteda criação do imposto sobre
transações, a equipe econômica
buscaformasde apresentá-locom
uma roupagemque o distancieda
antiga Contribuição Provisória so-
bre a Movimentação Financeira
(CPMF), da qualo presidenteJair
Bolsonaro é opositor histórico. Le-
vantamentofeito peloValornos
discursos registradosna Câmara
dos Deputadosmostra comofoi
críticoferozdotributo.
O esforço de remodelagem
apoia-se em duasteses. Primeiro,a
de que imposto sobretransaçõesé
diferente da CPMF.É, inclusive,
mais amplo.Segundo: trata-se de
uma substituiçãode tributo,enão
da criaçãode um imposto. Entrao
impostosobretransações, sai a
contribuiçãopatronalaoINSS.Não
háaumentodacargatributária.
Ontem, por exemplo, Bolsonaro
foi questionadopor jornalistas e
não deu uma previsão sobrequan-
do asegunda parte da propostade
reformatributária do governo será

encaminhada ao Congresso. Ele
ressaltou, no entanto, que não tem
aumento da carga. Sobrea criação
do tributo, afirmouque épreciso
ver os dois lados, ou seja, quaisos
tributos deixariamde existir. Para
ele, se o povoacharque não deve
mexer,deixacomoestá.
O governotentaeliminara con-
tradiçãoentreodiscursoqueBolso-
naropropagadesdeoséculopassa-
doeumaeventualpropostadecria-
ção do tributo.Trata-sede uma
construçãocomequilíbriotênue,
que já custoua cabeçado ex-secre-
táriodaReceitaMarcosCintra.
ACPMF foi chamada pelo depu-
tado Bolsonarode “desgraça”, pro-
posta“insana”,imposto “regressi-
vo,cumulativoeinflacionário”.
Em 1995, Bolsonaroocupou a
tribuna para chamar de “insana” a
proposta do “ministro tributaris-
ta” AdibJatene de recriar oantigo
ImpostoProvisório sobre a Movi-
mentação Financeira (IPMF). Na
época, oentão titulardaSaúde
buscavaumafontepermanentede
recursos para sua pasta.A propos-
ta era criar aContribuição sobrea
MovimentaçãoFinanceira(CMF).
“Teço alguns comentários con-

tra a insana proposta do ministro
‘tr ibutarista’AdibJatene,derecriar
oantigo IPMF, como nome de
CMF”, discursou. “Da minha parte
não poupareiesforçonosentido
de evitar que o sofrido povo brasi-
leiro seja obrigado a pagar mais
imposto,quandotodossabemque
irá para o saco sem fundo da saú-
de, que em última análise servirá
apenas para oxigenarmelhor o
câncerda corrupção,tão ‘próspe-
ro’ naqueleórgão.”
O Congressosó aceitouuma ver-
são com tempolimitado,daí por-
que asigla ganhouum “P”de “pro-
visória”.Aprovadanofimde1997,a
CPMFcomeçoua ser cobradaem
1998.Comotinhaprazolimitado
de vigência,o tributotinhade ser
prorrogadodetemposemtempos.
Nodia10demarçode1999,Bol-
sonarodissena tribunater ouvido
no rádioumaentrevistado então
ministroda Fazenda,Pedro Malan,
que informava ter sido bem recebi-
dapelosinvestidoresestrangeirosa
criaçãodaCPMF.“Comtodaacerte-
za,aagiotagempassouanoitetoda
‘be bemorando’ essa desgraçaapro-
vadaporestaCasa”, discursou.
No dia seguinte,voltouàcarga:

“A CPMFnadamaisédoqueumim-
postoregressivo,cumulativo, infla-
cionárioe maisuma cargapara os
nossosequipamentosprodutivos,
paraobolsodostrabalhadoresedo
nossopovoe mais uma penalidade
destegovernoedesteCongresso.”
No fim de 2000, o deputado
Bolsonaro votou contra a criação
do Fundo de Combate e Erradica-
ção da Pobreza porqueseria par-
cialmente financiado comumau-
mentoda alíquotada CPMF,de
0,3% para0,38%.Aproposta foi,
porém, aprovada.
Três anosdepois,oPFL fez uma
tentativadeeliminaraCPMF.Bolso-
narofez discursosobreo tema.
“Quase100%da populaçãoera fa-
vorávelànãoprorrogaçãodessetri-
buto.Ecomovotouodeputado
LuizEduardoGreenhalgh,doPT?A
favor da manutençãoda CPMFaté
2007.S.Exa.deve ser o deputadodo
bem mal. Deveríamos,então, insti-
tuir ‘troféucara-de-pau’ou ‘óleo de
peroba’ e concedê-loao deputado
LuizEduardoGreenhalgh.”
A antipatia da população pela
CPMFfoi usadapelo deputado
Bolsonarocomoum contraponto
ao apoio popular à redução da

maioridade penal. “Qualquer pes-
quisa indica, no mínimo,85% dos
votosfavoráveis àredução da
maioridade penal”, disse, em
maiode 2007. “Gostaria que acei-
tasse também o desafio da CPMF.
Qualquer pesquisamostra que,
no mínimo, 90% dos votos são fa-
voráveis ao fim da CPMF!”
No períodomaisrecente, em
2014,quandoaentãopresidente
DilmaRousseffconsideroupropor
a recriaçãodo tributo,odeputado
Bolsonaroexpressousua indigna-
ção na tribuna.“Vamospartirpara
onde?Para acubanização,como
uma formade salvaropaís? Volta
daCPMF;novaalíquotadoImposto
deRenda;taxaçãodegrandesfortu-
nas.Umgovernocanalha,corrupto,
imoral,ditatorial!”
O novo imposto sobre transa-
ções é oelemento de sustentação
dos planos de Guedes para ocom-
bate àpobreza eaodesemprego,
os dois principais subprodutosda
pandemia.
Comarrecadação estimadaem
R$ 120 bilhões caso a alíquotaseja
de 0,2%, o tributovai permitirque
empresassejamdispensadasdere-
colher a contribuição patronalde

20% ao INSSpara os empregados
que ganham até um salário míni-
mo. Para os queganham acima do
piso,aalíquota deverá ser reduzi-
dapara15%.
Esse será o principaldestinodo
imposto sobretransações. “Uma
merrequinhaparasubstituirum
montede impostosacana”, descre-
veu o assessorespecialGuilherme
Afif Domingos.Ou, comodiz Gue-
des, o “fe ioso” (por causade seu
efeitocumulativo)para substituira
taxação“cruel”sobreoemprego.
As receitasdo novoimpostoser-
viriamtambémparareforçaroRen-
daBrasil,quevaisubstituiroauxílio
emergencial.A fusãodo BolsaFa-
mília,do abonosalarialedosegu-
ro-defesogarantiriam um benefí-
ciodeR$232.Oimpostosobretran-
saçõespermitiriachegaraR$300.
O dinheiro também será usado
paraeliminaracobrança do Im-
posto sobreProdutos Industriali-
zados (IPI) da maior partedos pro-
dutos, informouAfif. No lugarde-
le, será criadoimposto seletivo, a
ser cobradoapenas parapoucos
produtos, entre eles: bebidas, ci-
garros e automóveis. A lista ainda
estáemelaboração.

CongressoDeputadosqueremtransferirparaBolsonaro


ônusdevetarpropostaaprovadapelossenadores


Câmara deve

aceitar ampliação

de saque do FGTS

Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro
De Brasília

Irritadoscomaposiçãodúbiado
governo, que na Câmara orientou
contraa permissãode saquedo
Fundo de Garantia do Tempode
Serviço(FGTS)paraquemfoidemi-
tido durante a pandemia da covid-
19, mas no Senadodeu aval aessa
ampliação, deputados pretendem
aprovar amanhãa autorização pa-
ra os saques edeixaroeventual
desgaste de barrar a liberação para
opresidenteJairBolsonaro.
Na quarta-feira aCâmaraapro-
vou aMedidaProvisória (MP)946,
queliberaum“saqueemergencial”
de R$ 1.045do FGTS.O relator, de-
putado Marcelvan Hattem(Novo-
RS), incluiu no parecer apossibili-
dadede que os trabalhadores que

aderiram ao saque anualdo fundo
(“saque aniversário”) pudessem
tambémretirartodoosaldodispo-
nível se foramdemitidossem justa
causaduranteapandemia.
Ogoverno alegou queissopro-
vocariaumdesequilíbrionofundo
e comprometeria sua sustentabili-
dade. O argumento levou partidos
comoPP, PSL, PL, PSD,MDB eDEM
avotaremcontraaampliação.
Aoposição, PSDBe outrosapoia-
ramaemendadoNovo, masopresi-
denteda Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), evitou avotação nominal
para não desgastar os deputadose
declarou a rejeição desse ponto, di-
zendoque os partidoscontráriosre-
presentavamcercade300votos.
No dia seguinte, porém, o Sena-
do votou a MP e o próprio líder do
governo, o senador FernandoBe-

zerraCoelho(MDB-PE),incluiu a
permissão para o saquede todoo
fundopelos trabalhadores demiti-
dos após pressão dos colegas. E
ainda ampliou essa possibilidade
até paraos funcionários que pedi-
ram demissão. Bezerraavisou que
não há garantia de sanção.“O go-
vernoentende que odinheiro será
melhor investido se permanecer
em caixa parafinanciar projetos
habitacionais”,dissenaocasião.Os
deputados reclamam, porém,que
issojoganascostasdelesa“malda-
de”comostrabalhadores.
Líderda bancadado DEM,o
deputadoEfraimFilho(PB) afir-
mouque opartidopassaráa
apoiaraampliação.“ODemocra-
tas vê com bonsolhosessa mu-
dançaproduzidapelolíderdo
governoe deveacompanharo

mesmoencaminhamentona Câ-
mara”,disse. A MP éoprimeiro
itemdapautadeamanhã.
Relatorda propostanaCâma-
ra, van Hattem afirmou que espe-
ra que a mudançano texto seja
mantida pelos deputados eque
procurará Bezerra para tentar
convencerosarticuladorespolíti-
cos do governo na Câmara a
apoiaremaalteração,mesmoque
sem compromisso de sanção. Os
governistas devem ter reunião
hojeparatratardapauta.
“Comoo governoteve esse en-
tendimento, os partidosdevem

mudaraorientação.Nãotempor
que assumiresse desgastede ti-
rar esse trechonovamente”, disse
olíderdoProsnaCâmara,Acácio
Favacho(AP).Segundoo líder do
Solidariedade, Zé Silva(MG),a
orientação contráriaà emenda
“foi um equívocodo sistema”, o
que indicaque a siglatambém
mudaráaorientação.
Embora governistas falemem
deixara MP perdera validade, o
que ocorrerácaso não seja apro-
vadaamanhã,issodeveprovocar
um problemaporqueamaioria
doscotistasaindanãopôdefazer

osaqueemergencial de R$ 1.
—os pagamentossão divididos
pelo mês de nascimentoe quem
nasceuapartirde julhoficaria
impossibilitadodereceber.
Parlamentares governistas lem-
braramaindaque, há duassema-
nas,ocorreua mesmasituação. Os
deputadosaprovaramprojeto pa-
radarumaindenizaçãoparamédi-
cos mortospor covid-19, mas rejei-
taramque mais beneficiários tives-
sem direito, apedido do governo,
quealegouoaltocusto.NoSenado,
porém,Bezerradeuavalaoaumen-
to,queacabouaprovado.

EfraimFilho:“ODemocratasvêcombonsolhosessamudançaproduzidapelolíderdogovernoe deveacompanhar”

ANAPAULAPAIVA/VALOR —23/7/

Volta do Judiciáriopode


reacender crise comPlanalto


Folhapress
De São Paulo

O Judiciárioretomaas ativida-
des nestasegunda-feira,após o re-
cesso de julho,precisandoenfren-
tar pendências que afetamdireta-
mente o presidente Jair Bolsonaro
(sempartido)eseusaliados.Osjul-
gamentostêm potencialde gerar
novascrisesparaogoverno.
Entreeles, o SupremoTribunal
Federal(STF)devese manifestara
respeitodeumeventualdepoimen-
to do presidente.Aoitiva foi requi-
sitadapela Polícia Federalna inves-
tigaçãoinstauradapara averiguara
acusaçãodo ex-ministroda Justiça
SergioMorode que Bolsonaroten-
tou intervirindevidamentena cor-
poração. O mandatárionega.No
iníciode julho, oministroCelsode
Melloprorrogoupor mais 30 dias a
apuração. Tambémpediua mani-
festação do procurador-geralda
República,AugustoAras,arespeito
dodepoimentodopresidente.
ArasdefendeuqueBolsonarode-
veriaser consultadopara informar
sepreferiamanifestarseudireitoao
silêncio,depor por escritoou então
escolherlocal e horáriopara sua fa-
la aos investigadores.Interlocuto-
res do governoavaliamque uma
decisãofavorável ao depoimento
de Bolsonaropodeabrirnovacrise
entrePlanaltoeSupremo.
A relaçãotem sido conturbada
por causade umasériede episó-
dios, entreeles apresençado presi-

denteem atos que pediamo fecha-
mentodo Congressoedo STF e as
decisões de Moraes bloqueando
contasem redessociaisde militan-
tes bolsonaristas.O própriopresi-
dente,pormeiodaAdvocaciaGeral
da União, ingressoucom uma ação
diretadeinconstitucionalidadepe-
dindoa suspensãodessasdecisões
judiciaiscontraapoiadores.
Em outradecisãoque poderes-
pingarno presidente,oSuperior
Tribunalde Justiça(STJ) vai decidir
serevogaounãoaprisãodomiciliar
do ex-assessorparlamentarFabrí-
cio Queiroze de sua esposa,Márcia
Aguiar.AdecisãoemfavordeQuei-
rozfoiproferidapelopresidentedo
STJ, João Otávio Noronha,no dia 9,
duranteoplantãoda Corte.A defe-
saalegouriscodecontágiopelono-
vocoronavírusnacadeia.
O caso voltapara o relatororigi-
nal, Felix Fischer, que vai decidirse
mantémoureverteadecisãodeNo-
ronha.Deacordocomlevantamen-
to da Folha de S.Paulo, Fischerne-
gou 97% dos habeascorpusimpe-
tradosem favor de presosque ale-
garamriscosdevidoàpandemia.
Aindano caso que envolveasu-
postapráticaderachadinhapelofi-
lho do presidente,senadorFlávio
Bolsonaro, oministrodo STF Gil-
mar Mendesvai analisarrecursodo
MinistérioPúblicodo Rio contraa
decisãoque determinouque o caso
saísseda primeirainstânciaefosse
para o ÓrgãoEspecialdo TJ do Rio,
concedendoforoespecialaFlávio.
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