Valor Econômico (2020-08-01, 02 e 03)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 8 da edição"03/08/20201a CADA" ---- Impressa por LGerardi às 02/08/2020@21:06:


A8|Valor| Sábado,domingoe segunda-feira, 1, 2 e 3 de agosto de 2020

Brasil


Rio vê como desnecessária renovação de regime fiscal


RodrigoCarro
Do Rio

OEstadodo Rio de Janeironão
vai pedirarenovaçãodo Regime
de Recuperação Fiscal(RRF),cuja
primeira etapa, de trêsanos, vence
em 5de setembro. Em ofício enca-
minhado pela Procuradoria-Geral
doEstado(PGE)àAdvocacia-Geral
daUnião(AGU)aoqualoValorte-
ve acesso, aFazenda fluminense
alegaque “é direito do Estado per-
manecer no RRF pelo prazo de 72
meses”,ouseja,até2023.
A posiçãodo governoestadual
divergefrontalmente do enten-
dimento do Conselhode Super-
visãodo RRF.Em parecerdatado
de 7 de julho, o colegiadoforma-
do por representantesdo Minis-
térioda Economia,do Tribunal
de Contasda UniãoTCU)eda
própriaFazendaestadualinfor-
mava que,alémde um pedido
formal de renovação,ogoverno
estadualteriadesubstituirmedi-
das financeirasnão adotadasou

com execuçãoabaixodo projeta-
do erever oplanode recupera-
ção fiscalapresentadooriginal-
mente em 2017,entre outras
providências.
Para osecretárioestadual de
Fazenda, GuilhermeMercês,isso
significariana práticaque oRio
de Janeiroteria de cumprirnova-
mentetodooprocessodeadesão
ao regime.Ele negaque o Estado
busqueuma renovaçãoautomá-
tica do acordode socorrofinan-
ceirofirmadocoma Uniãoem
2017.“A Lei Complementarno
159 [queinstituiuoRRF] ébem
clara: oplano[de recuperação
fiscal]já foi homologadopor 72
mesespara o Rio de Janeiro”, sus-
tentaMercês.
Subsecretáriode Finanças do
Estado do Rio,LeonardoLobo
trabalhavaem2017naSecretaria
do TesouroNacional (STN).Parti-
cipoudiretamentena época do
processo de homologação do
plano de recuperação fiscalpro-
postopelo governofluminense,

chegandoa assinar o documen-
to. “Depoisque o planofoi posto
é que começouase pontuarque
haveriaum momentoem que o
planoseria revisto. Isso nuncafoi
combinadoantes”, afirmaLobo.
No ofício endereçado à AGU,o
Estado do Rio sustentaque oque
moveaextensãodoprazodoRRF
“nãoéameravontadedaspartes,
mas ojuízo préviode necessida-
de estabelecido pelo legislador”.
Alógicapor detrásdaafirmação
é de que persistea necessidade
de auxíliofinanceiroque moti-
vou a criaçãodo regime. “Qual-
quermedidaarbitrária que não
leve em contaanecessidadedo
Estado,que aindapermanece,é
uma afrontae um riscoao equilí-
briofederativo”, frisaMercês.
Relator do projeto que resul-
tou na criaçãodo Regime de Re-
cuperaçãoFiscal, odeputadofe-
deralPedro Paulo (DEM-RJ) clas-
sifica como “completamente
equivocada” a posiçãodo gover-
no fluminense.No entendimen-

to do parlamentar,oprazo do
regime só poderáser estendido
paraseis anosse houver anuên-
cia de ambasaspartes. “O que
está por detrásdissoé umaca-
beça‘ju dicializante’ da política”,
critica ele.
O Conselhode Supervisão do
RRF deixaclaro, no parecerde 7
de julho, que arenovação do re-
gimedependeria em últimains-
tância do aval do presidenteda
República,aquemoMinistério
da Economia recomendaria a
continuidadeou não do auxílio
financeiro.
Pedro Paulo reconheceque o
RRF éhoje insuficientepara ree-
quilibraras contas do Rio de Ja-
neiro,mas atribuiesta incapaci-
dadeàfaltadeempenhodaatual
administração e da anteriorno
cortededespesas.“OEstadoteria
de ir alémdo que propunha o
planoderecuperaçãofiscal.Teria
desermaisousadoainda”, diz.
O relatório de monitoramento
maisrecentedo Conselhode Su-

pervisão do RRF, relativoao mês
de maio, indica frustraçãode
R$8,8bilhõesnoefeitodasmedi-
das de ajustepropostaspelo Es-
tado comopartedo seu plano de
recuperação. “O conselhopode
recomendararevisãodo plano
[de recuperaçãofiscal]a qual-
quertempo.Oqueesse ‘a qual-
quertempo’querdizer?Elepode
estar em constante revisão e
questionamento, alteração.Faz
partedoprocesso”, dizMercês.
Fonte que acompanhou as
conversasentreo Estadoe o Mi-
nistérioda Economiaesclarece
que em junhode 2019 o governo
do Rio encaminhoupedidofor-
mal de revisãodas medidasde
ajuste propostasoriginalmente
em 2017.Odocumentopropu-
nha novasmedidas alémde su-
gerir a suspensãodaquelas con-
sideradasineficazes. Previatam-
béma ampliaçãodo escopode
algumasmedidasanteriores.
Sob condição de anonimato, a
fonte conta que oMinistério da

Economianuncarespondeuaope-
dido, entregue numaaudiência
entre ogovernador Wilson Witzel
(PSC) eotitular da pasta, Paulo
Guedes. O Conselho de Supervisão
do RRF continuou acobrar do Es-
tadoarevisãodasmedidas.
Na visãodessafonte,seria ne-
cessárioum novoaceiteformal
por partedo ministroda Econo-
mia edo presidenteJair Bolsona-
roparaqueoregimecontinuevi-
gentepor maistrês anos.“A me-
lhoralternativaéoprojetodeau-
toria do Pedro Paulo [PLP
101/2020],por que ésustentá-
vel”,opinaafonte.
O projeto está parado na Câ-
maradosDeputadosumavezque
as comissões da casanão estão
funcionando. Prevê a ampliação
do prazode vigênciada RRF para
dez anos, alémde estabelecer re-
grasmais rígidas. Estados que
deixassemde cumprir os com-
promissos, por exemplo, teriam
aceleraçãonoritmodepagamen-
tosdadívidacomaUnião.

Gastomenorcomjurosé raro alívio emquadrofiscaldifícil


AríciaMartins
De São Paulo

A inflação controlada, que
permitiu ao BancoCentral cortar
a Selic para nívelhistoricamente
baixo, diminuiuos gastoscom
juros do setor público. Em 5% do
Produto InternoBruto(PIB)nos
12 mesesencerradosem junho,
as despesas com jurossobreadí-
vidapúblicavêmoscilandona
casade 5% e podemterminar
2020 em patamar aindamenor,
único aspecto favorável no preo-
cupante quadrofiscaldo país,
avaliameconomistas.
Com mais uma reduçãodaSelic
—que devechegar a2%ao ano em
agosto—praticamentecontratada
na visão do mercado, a tendência
de queda das despesas financeiras
deve continuar, o que ajuda a tor-
nar a alta da dívida pública menos
explosiva. Em 2019, acarga de ju-
ros da dívidapública representou
5,1% do produto, ou R$ 367,3bi-
lhõesemvaloresabsolutos.
Aindaassim,ponderamespe-
cialistas, déficits recordes nas
contasdos governoe aperspecti-
va ruimpara ocrescimento,que
tende aser fracomesmo em

2021,devemmanteroendivida-
mentopúblicopertode 100%do
produtono médio prazo.Em ju-
nho, o indicadoraumentou3,
pontospercentuais sobreo mês
anterior,para85,5%doPIB.
FernandoRocha,chefedo de-
partamento de estatísticas do
BancoCentral,observouque o
pagamento de jurosnominais
atingiuR$ 21,5bilhõesno mês
passado,ante R$ 17,4 bilhões em
igualmêsde2019.
SegundoRocha,doisfatores
influenciarama alta: os swaps
cambiais,que tiveramperdade
R$ 4,9 bilhõesem junhode 2020
eganhodeR$9bilhõesemjunho
do ano passado,além dos dois
dias úteisa maisno sextomês
desteano em relaçãoa 2019.“Es-
ses fatoresmaisdo que compen-
saramas reduçõesna taxa Selic e
nosíndicesdepreços”,disse.
Apesarda ligeiraalta no últi-
mo mês,Fabio Klein,analistade
finançaspúblicasda Tendências
Consultoria,estimaque as des-
pesas com juros terminarão
2020 pertode 4% do PIB.Na série
do BC, com inícioem 2003,o me-
nor percentualparaum fim de
ano,de 4,44%do PIB, foi atingido

em 2012. “A Selic deve ficar para-
da em 2% porumbom tempo,o
que ajudaa reduzira pressãoso-
breoquadrofiscal”,afirmaKlein,
que destacaacontinuidadeda
trajetóriade recuodas despesas
financeiras.
A Selic não éoúnico indicador
que corrigeadívidapública, mas
é referência importanteparao
custofinanceiro do setorpúbli-
co. Em 2016,observao econo-
mista,depoisde começarem o
ano em 9% do PIB, as despesas fi-
nanceiras caírama 6,5%em de-
zembroe seguiram em queda
nos anos seguintes,para 6,1% em
2017,5,5%em 2018e, por fim,
5,1%noanopassado.
“A suavizaçãoda contade ju-
ros implicanumataxa menosve-
loz de alta da dívida”, afirma
Klein.Considerandoocenárioda
Tendências de retraçãode 7,3%
doPIBesteano,inflaçãode1,5%e
déficitprimáriode 9,9% do PIB, a
relaçãodívida/produtovai avan-
çar a95% em 2020,estimaele. O
indicadordevese manterem al-
ta, rondando 100%do PIB, até
2025.“A dívidacresceporque va-
mos herdarum problemado la-
dododéficit,masataxasmaisre-

Fonte:BC. * % em 12 neses

Cargamenor
Despesascomjurosnominaisna dívidapública- em % do PIB*

4

5

6

7

8

9

10

Jun
2020

Jan
2012

Jan
2016

8,

5,37 5,

duzidas”, apontaoeconomista.
A dinâmicada dívidadepende
de três fatores, apontaGuilher-
me Tinoco, especialista em con-
tas públicas: crescimento econô-
mico,resultadosprimáriosetaxa
de jurosreal.Oúnicoque está
contribuindocom a trajetóriado
endividamentoéoúltimo,afir-
ma. Excluindo-seos swapscam-
biais, as despesascom juros no-
minaisestãoem patamarainda
menor, destacaTinoco, em 4% do
PIBnos12mesesatéjunho.
“Comainflaçãobaixa,aSelic
deve ficar baixa também por
muito tempo”, diz Tinoco, desta-
cando que, de acordocom obo-
letimFocus, do BC, o mercado
projetaque a taxa vai subirum
pontoentre 2020 e2021,a3%
anuais. “Compatamaresde juros
normaisparaonossopadrãohis-
tórico,arelaçãodívida/PIB ten-
deria aser maisexplosiva, mas,
comoas taxasde jurosdevem fi-
car muitobaixas no mundoe
aquipor algumtempo, isso dá
umalívio”, avaliaele.
SérgioVale, economista-chefe
da MB Associados, também espe-
ra que as despesascom jurosde-
vem cair um poucomaisem rela-

ção ao patamar atual,o que con-
fere algumatranquilidadeao ce-
nário fiscal,mas pouca.“O pro-
blemasão as outras duaspartes
da composição fiscal.Comtodas
as pressõesde gastos edificulda-
des de recuperararrecadação, o
déficit primário não voltapara a
casa de 1% no próximo ano”, dis-
se, acrescentandoque um cresci-
mentomaiortambéméessencial
paraque a dívidarecuecomo
proporçãodoPIB.
Ao fim desteano, estimaVale,
a dívidabrutavai ficarna casa
94% do PIB —edeveaumentar
paracercade 100% do produto
em doisanos.“Para essenível
cair, vai depender não só de ju-

ros,masdeesforçofiscalededes-
travar aeconomia para gerar
crescimento. Achoque não va-
mosconseguirnadadisso.”
“O pontoaí éque por menor
que seja a taxa de juros,se a eco-
nomia crescer menosque ataxa
de juros,odéficitnominal volta
a crescer”, resumeJosé Francisco
de LimaGonçalves, economista-
chefe do bancoFator, para quem
o juro baixo époucopara fazera
economia voltara crescer. “Uma
estabilização da relação dívi-
da/PIB por causada quedados
juroséalgo frágil, que podeser
revertidoao longodo tempo”,
afirma Gonçalves. (Colaborou
EstevãoTaiar, de Brasília)

ConjunturaMercadodetrabalhofrágilealtadoscasosde


covidsãodesafiosparaumPIBquedeveterquedarecorde


Pessimismo perde


força, mas cenário


tem muitos riscos


AnaConceição
De São Paulo

Desdemeadosdejunho,ases-
timativas para oProdutoInterno
Bruto (PIB)brasileiro têm ficado
menosnegativasdiantededados
melhoresque oesperadoem al-
gunssegmentos da economia.
Mas enquantocenáriosmaisne-
gativos ficampara trás, se conso-
lida a percepçãode que o tombo
do ano aindaserá recorde e que,
à medidaque apandemiade co-
vid-19 não dá sinaisde arrefecer
em boa partedo país,há muitos
riscosàfrente.
No boletim Focus, do Banco
Central,amedianadecercade
estimativasde consultoriaseins-
tituiçõesfinanceiras,passoua se
moverparacimano iníciodo
mês passado,saindode quedade
6,5%pararecuode 5,8%.Na se-
mana passada, houvemaisuma
rodada de revisões, indicando
que esse movimentopodepros-
seguir. Númerossobreoempre-
go formalem junhoeadivulga-
çãodosindicadoresdeconfiança
em julhoreforçaram uma avalia-
çãomenospessimista.
Estímulosfiscaisemonetários,
comoo auxílioemergenciale a
baixa taxa de juros,ea voltagra-

dual da atividadeapontam que a
recuperação iniciadaem maio
devese estenderpelo segundo
semestre,diz Rafaela Vitória,
economista-chefedo BancoIn-
ter, que tem mantido sua estima-
tiva de quedade 4,5%do PIB há
meses.Aprojeçãoparao anoque
vem, de crescimento de 3,9%,
tambémestá acimada mediana
doFocus,de3,5%.
Ela tambémdestacao com-
portamentoda construçãocivil,
que teve saldopositivo de em-
pregos formaise viu crescero
créditoimobiliárioemjunhopor
causadasbaixastaxasdejuros.
Alémdisso, afortecaptação
da poupançadesdeabrilindica
aumentode liquidezdas famí-
lias, oque podeajudaro consu-
mo nos próximos meses.A ele-
vaçãodos saldos de poupança,
bem comoareduçãona deman-
da por créditoda pessoa física
indicariamumaquedano con-
sumo maissignificativaque a da
renda,afirma. “Essadisponibili-
dade de recursosterá papelfun-
damentalna retomada do con-
sumo à medidaque ocorrea rea-
bertura da economia”, afirma.
Afragilidade do mercadode
trabalho, terminadas as medi-
das de sustentaçãodo emprego,

e o aumentopersistentede casos
de covid-19são,contudo,são
riscos parao cenáriode recupe-
ração, diz Rafaela.
OBradesco tambémpassoua
prever queda de 4,5%no PIB de
2020, dadorevisadonasemana
passadade uma retraçãode 5,9%
por causade dadosde atividade
que, segundo obanco, surpreen-
derampositivamente.
“A produção industriale as
vendasdo varejotêm confirma-
do omovimento maisfortede
melhorados índicesde confian-
ça, apontando para uma retoma-
da da atividadeque tem o forma-
to de ‘V’na dinâmicatrimestral”,
diz relatório de revisãode cená-
rio da instituição. Citando os
mesmosfatores,a4EConsultoria
modificousua estimativaparao
ano de -6,1%para -5,6%.Osindi-
cadores antecedentes de julho
sugerem continuidadeda reto-
mada da atividadeno terceiro
trimestre, “inclusivecomacele-
raçãoem alguns setores”, diz o
Bradesco.Outro grandebanco,o
ItaúUnibanco,temestimativade
retraçãode4,5%desdemaio.
As preocupaçõesem tornodo
coronavírus e do enfraqueci-
mentodo mercadode trabalho,
assimcomoo efeitodo fim dos

estímulos emergenciais, tam-
bémcompõemo cenáriode ris-
cos dessas instituições. Estes,diz
aLCA Consultoria,são “armadi-
lhas”no caminhoda recupera-
ção econômica brasileira que
precisamser desarmadaspara
que um cenáriomenosnegativo
se consolide.A casa prevêqueda
de5,6%nesteano.
“Masnossoviés énegativopor
causa de dois grandes riscos. O
primeiro relacionado à evolução
da pandemia.Pode haver uma
volta ao isolamento em algumas
regiões. E osegundoé que não
sabemoscomoa economiavai
reagir apósofim das medidasde
auxílio”, afirmaoeconomista da
LCARodrigoNishida.
Essesriscosparecemestar por

trás da recenteperdade ímpeto
da recuperaçãoda confiançano
comércio,avaliaaconsultoria.O
componente de expectativasdo
índicedo setorcaiu em julho,o
que podeindicarum receiodos
empresáriosemrelaçãoàsusten-
taçãodoconsumo.
Justamente adúvidasobreo
consumoéum dos fatoresde ris-
co paraa recuperação que se es-
pera parao PIB em 2021,afirma
RafaelaVitória,do Inter. Mas o
cenário-baseda instituição é de
que o excessode liquidezgerado
pela poupançadas famílias mais
a demandareprimida devempu-
xar a economiano próximoano.
A base maisfracade 2020ajuda
namagnitudedocrescimento.
A economistatambémvê a

possibilidadeda voltado investi-
mentoprivadopor causados ju-
ros muitos baixos. “O investi-
mento podesurpreender”, diz,
numcenárioemquehajaumasi-
nalizaçãode que o ajustefiscal
será retomado.“A retomadaem
2021 requer grande esforçode
medidasde controle ereformas
por partede governoe Congres-
so. Mas é sim possível ter uma re-
cuperaçãomaisacelerada.”
Para oBradesco, assumindo
que não haverá grande “re ssaca”
no crescimentodo últimotri-
mestredesteano eque a agenda
de reformasserá retomada, deve
haver aceleração do crescimento
no próximoano —a estimativa
do bancoéde alta de 3,5%.A LCA
prevêexpansãode3,2%.

Rafaela Vitória,do BancoInter:aprovaçãode reformas e medidasde controle são desafiospara retomadaem 2021

ANAPAULAPAIVA/VALOR
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