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Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
domingo, 2 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Desigualdade persistente


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Autor: Ana Cristina Rosa

brasília O Brasil vive uma progressão no debate
público em torno da participação feminina na
política. Alguns avanços nas normas e na
jurisprudência servem de incentivo. No entanto
estamos longe de chegar a uma condição de
paridade de gênero. A sub-representação das
mulheres nos espaços de poder segue sendo
uma realidade persistente.

Até o fechamento do cadastro eleitoral em maio
deste ano, o eleitorado brasileiro era composto
por 79 milhões de mulheres, o equivalente a

52,53%, segundo dados do Tribunal Superior
Eleitoral. Porém, na prática, a discrepância entre
o gênero da maioria do eleitorado, que é
feminino, e o perfil da esmagadora maioria dos
eleitos, que é masculino, é abissal.

Olhando para os pleitos mais recentes, as
mulheres representavam apenas 13,4% dos
eleitos em 2016 e menos da quarta parte
(23,75%) do total de eleitos em 2018. Em
novembro, o Brasil irá às urnas novamente.
Entre as mudanças nas regras eleitorais estão
medidas para incentivar a participação feminina.

A destinação dos recursos públicos de maneira
proporcional ao gênero, resguardado o mínimo
de 30%, é uma delas. Vale para os dois Fundos,
o Eleitoral e o Partidário. Outro fato relevante foi
a cassação pelo TSE, em 2019, de uma chapa
inteira depois de comprovadas cinco
candidaturas femininas fictícias na disputa a
uma câmara municipal. Espera-se que o
precedente iniba o lançamento de candidatas
"laranja".

Mas é pouco provável que as medidas sejam o
suficiente para ampliar a participação feminina
na politica nas eleições 2020. Numa sociedade
patriarcal, na qual a desigualdade de gênero vai
além do campo político, as mulheres sempre
foram desencorajadas a ocupar espaços
públicos. O atual cenário de crise sanitária, que
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