Banco Central do Brasil
Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
domingo, 2 de agosto de 2020
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Corrida do ouro
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Pandemia derruba os juros, faz disparar o déficit
público e reaviva fascínio pelo metal precioso
A relíquia bárbara,no dizer de um dos maiores
economistas da história, John Maynard Keynes,
teve grande papel na história. Sempre visto
como garantia de segurança e proteção de
última instância contra crises econômicas e
políticas, o ouro volta ao centro das atenções.
Na semana passada a cotação do metal se
aproximou do recorde de US$ 2.000 por onça
(31,1 gramas). A alta chega a cerca de 30% no
ano e ganhou ímpeto nas últimas semanas com
a recém-inaugurada tendência de
desvalorização do dólar.
Atese de fundo é que a gigantes e a expansão
do déficit público nas principais economias,
resultante da pandemia, cedo ou tarde
alimentará o risco de inflação. O ouro seria
garantia contra perdas que atingiriam também o
dólar, a divisa dominante do sistema global.
Não é a primeira vez. Outro episódio marcante
de valorização do metal se deu na década de
1970, quando os Estados Unidos abandonaram
o compromisso de converter dólares em ouro,
regra que balizava a economia mundial no pós-
guerra. Desde então perdeu se a referência de
lastro no metal.
As políticas inflacionárias que se seguiram
fizeram disparar a cotação do ouro (multiplicada
por 15 entre 1970 e 1980) , que só veio a recuar
na década seguinte - quando o banco central
americano resolveu finalmente debelar a alta de
preços com juros altos.
Agora, a recessão que acompanha a crise
sanitária leva os juros mundiais a zero (e
negativos quando ajustados pela inflação). Os