Clipping Banco Central (2020-08-02)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


O Estado de S. Paulo/Nacional - Política
domingo, 2 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 2 - TCU

ELIANE CANTANHÊDE Lavação de


roupa suja


Clique aqui para abrir a imagem

Com o presidente Jair Bolsonaro em campanha
para 2022, sem máscara e promovendo
cloroquina e aglomerações, o foco vai para os
órgãos de investigação do País. A bola da vez é
o Ministério Público, depois do escanteio do
Coaf, das tentativas de domar o leão da Receita
e de investigações sobre interferência política
na Polícia Federal. Pairando sobre isso, a
suspeita de que o Ministério da Justiça
ressuscita o SNI da ditadura.

O clima está animado, como se viu no bate-
boca virtual entre o procurador-geral da
República, Augus- to Aras, e o braço-direito do
seu antecessor Rodrigo Janot, o subprocurador
Nicolao Dino. A reunião era sobre orçamento,

mas Dino subiu o tom contra Aras por seus
ataques à Lava Jato. A defesa da Lava Jato
virou uma lavação de roupa suja. Ao vivo! A
bem de Aras, diga-se que a guerra interna no
Ministério Público vem de longe e teve
momentos agudos na gestão polêmica e até
hoje mal explicada de Rodrigo Janot, cuja marca
é a delação premiada de Joesley e Wesley
Batista. O resultado foi tenebroso para o País e
espetacular para os irmãos da J&F, que, como
nos filmes de mafio- sos, acabaram com seus
aviões, lanchas e apartamentos maravilhosos
em Miami e Nova York.

Até hoje, três anos depois, a delação continua
válida, nas mãos do relator no Supremo, Edson
Fachin. O próprio Janot pediu a revisão, Raquel
Dodge foi na mesma linha e aqui vai uma
informação: Aras também articula com o STF o
fim da delação e dos prêmios fantásticos para
os Batistas. Pelas regras, eles perdem a
mamata, mas as provas que entregaram
continuam válidas.

Na guerra entre os grupos de Janot e de Aras, a
mais grave no MPF desde 1988, incluem-se a
pressa para estabelecer quarentena aos juízes
candidatos (a "Lei Moro") e o debate, que vai
crescer nesta semana, sobre os acordos de
leniência (delações premiadas são com
pessoas, acordos de leniência, com empresas).
O MP investiga, negocia, julga e fecha os
acordos. E isso vai mudar. A intenção éjuntar o
"sistema U" nos acordos de leniência, ou seja:
AGU, CGU, TCU e MPU. Sob o comando da
AGU.

A crise no MP, porém, é apenas mais uma nos
Free download pdf