Clipping Banco Central (2020-08-02)

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Banco Central do Brasil


O Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e Informações
domingo, 2 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Ao fazê-lo, a Lava Jato apresentou-se na
prática como um partido cuja plataforma era
pro- mover o saneamento da política em geral.
Não estava sozinha nessa missão: juntou-se a
magistrados que se viam e ainda se veem
como responsáveis por atuar não de acordo
com a lei propriamente dita, mas segundo sua
visão de país - num ativismo judicial que gera
toda sorte de aberrações. Sem ter votos
populares que justificassem sua atuação
eminentemente política, esses servidores da
Justiça no entanto se consideraram eleitos para
fazer o que entendiam ser uma missão quase
religiosa - messiânica mesmo.


Tal conjugação - chamada genericamente de
"lavajatismo" - criou a atmosfera de terra
arrasada que ensejou a eleição de Jair
Bolsonaro à Presidência e de centenas de
outros políticos que prometiam praticar
abertamente a antipolítica. Felizmente, as
instituições democráticas, com seus freios e
contrapesos, foram eficientes até agora em
impedir que esses subprodutos do jacobinismo
lavajatista inviabilizassem de vez a democracia.
É exatamente o que está acontecendo com a
própria Operação Lava Jato, que vinha se
considerando uma instituição independente do
Estado - fora, portanto, dos controles
institucionais - e cuja continuidade a esta altura
não encontra respaldo senão na presunção
messiânica de que é a única capaz de
combater a corrupção.


Não é. O Brasil amadureceu bastante nas


últimas duas décadas na prevenção à
corrupção, seja dando poder aos organismos
de investigação e controle, seja na criação de
ampla legislação para coibir desvios. Ainda
estamos longe do ideal o gigantismo do Estado
permanece sendo um convite aos oportunistas
e o sistema político dá margem a
comportamento pouco republicano nas Casas
Legislativas País afora -, mas é inegável que
houve avanços. Nem todos dependeram da
Lava Jato - que ainda não existia, por exemplo,
quando os envolvidos no escândalo do
mensalão, que estourou em 2005, foram
investigados, julgados e punidos.

Ou seja, o Brasil já deu provas mais que
suficientes de que é competente para combater
seus corruptos sem a necessidade de recorrer
a salvadores da pátria - que, nessa condição,
reivindicam mandato infinito e se consideram
desobrigados de prestar contas de seus atos.

Brasil já deu provas de que pode combater
seus corruptos sem precisar de salvadores da
pátria

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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