Clipping Banco Central (2020-08-02)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


O Estado de S. Paulo/Nacional - Espaço Aberto
domingo, 2 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

necessárias para vencer?


Vencer é o elemento central da atividade militar
e, por isso mesmo, a grande servidão dos
generais. A guerra, entendida como a
preservação da soberania, não admite
alternativa à vitória, simplesmente porque não
há reparo possível para a soberania maculada.
A História é farta em registros do trágico
destino dos vencidos.


A melhor vitória, como ensina Sun Tzu, é a que
se obtém sem combater, pela dissuasão,
estratégia acertadamente priorizada pela END,
que visa a desencorajar agressões
demonstrando que a reação cobrará um preço
demasiado alto para ser tentada, desde que
não se descuide, claro, do alerta do barão do
Rio Branco de que não é possível ser pacífico
sem ser forte, o que também tem custos.


É nessa direção que se orienta, por exemplo, o
sistema de educação de defesa. Ele precisa
formar líderes vencedores, capazes de
influenciar seus subordinados pela força de seu
exemplo, pela retidão de seu caráter e pela
confiança na sua cultura profissional.


A educação militar trata, em última análise, da
gestão do uso legal, racional, suficiente e eficaz
da força em defesa do Estado. Ela não admite,
pois, preferências partidárias e ideológicas,
nem simpatias e humores políticos. Se vencer


é o dever intransferível do general, educar seus
quadros também o é, porque a ele caberá
responder pelo resultado.

Formar um líder militar exige abordagem
integral do discente, fazê-lo incorporar valores,
absorver vasta gama de conhecimentos e
adquirir capacidade física e higidez suficientes
para superar as naturais dificuldades e severas
privações do combate. É uma metodologia de
ensino voltada para as áreas cognitiva, afetiva
e psicomotora simultaneamente, por processos
que integram diversos campos do
conhecimento para a solução de problemas
obrigatoriamente inéditos.

Lutar a guerra passada é receita para o
fracasso, diz um conhecido adágio militar, por
essa razão o estudo dos conflitos não é a
busca do visível nas manobras de cada lado,
mas compreender a forma como foram
priorizados os fundamentos doutrinários dos
diversos tipos de operações, com que
intensidade foi valorizado cada um dos
chamados princípios da guerra e como foram
empregados os recursos tecnológicos para
produzir favoravelmente o desequilíbrio
desejado. A comparação dos meios materiais
de forças em confronto oferece o que se chama
de poder relativo de combate, que pode ser
potencializado por fatores intangíveis, como
tradição, experiência de combate,
personalidade do comandante, vontade
nacional e sistema de educação militar, entre
outros.
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