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Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
domingo, 2 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
Cada vez mais longe
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Autor: Janio de Freitas
Com um largo passo, afastamo-nos mais da
democracia, dos nossos direitos civis e da
vigência plena da Constituição. E como se isso
não acontecesse ou, se percebido, não fosse
importante. A falta de reação proporcional é tão
grave quanto o passo a que fomos empurrados.
Todos os governos de índole fascista começam
a torná-la realidade por três ou quatro medidas
que tolhem a liberdade de discordância.
Uma dessas medidas clássicas da derrubada de
democracias é a identificação, fichamento e
vigilância sigilos a de reais ou potenciais
opositores ao autoritarismo. Uma das primeiras
providências do gorilismo de 1964, por exemplo,
foi a criação do SNI, serviço de espionagem
interna mais tarde chamado de monstro pelo
próprio criador, o sinistro general Goibery.
Tem essa mesma finalidade a função atribuída à
Seopi, Secretaria de Operações Integradas,
pelo recém-ministro da Justiça, André
Mendonça, não muito menos sinistro na sua
fisionomia sem expressão.
As atuais revelações do ex-repórter
especialíssimo da Folha e hoje encontrável em
blog no UOL, Rubens Valente, partem de um
dossiê da Seopi, datado de junho.
São os dados e às vezes fotos obtidos em sua
"ação sigilosa sobre 579 servidores federais e
estaduais de segurança, e três professores
universitários, identificados como integrantes do
'movimento antifas cismo"'.
Título do dossiê: "Ações de Grupos Anti/as e
Policiais Antifascismo". Antifas é como se
denominam os adversários ativos do fascismo