Clipping Banco Central (2020-08-03)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Auxílio emergencial e justiça


Clique aqui para abrir a imagem

Autor: Lívia Peres, Luciana Ortiz Zanoni e Clara
Mota

Impossibilidade de novo cadastro mantém
antigas dinâmicas de exclusão

O beneficio de caráter emergencial, instituído no
país durante a pandemia de Covid-19, é um
socorro humanitário pensado para enfrentar
uma crise que traz demandas em graus inédito
e ingente por sobrevivência. O sucesso da
política depende, desde a sua concepção, do
alcance de camadas da população que não
estão necessariamente abrangidas pela rede de

proteção social até então existente. Essa
dimensão única do problema faz com que o
anúncio governamental de renovação do auxílio
por mais dois meses, sem uma segunda chance
para o cadastro de pessoas, gere quadro de
profunda contradição.

Ao mesmo tempo em que a porta de entrada do
programa foi fechada para os hipervulneráveis
que não conseguiram se cadastrar - assim
consideradas as pessoas em situação de rua,
não documentadas, migrantes, refugiadas,
integrantes de povos e comunidades
tradicionais - , aporta de saída segue aberta,
num cenário indefinido quanto aos contornos de
prorrogação da própria política.

De partida, o programa não considerou a
existência de pessoas sem identificação. Essas,
antes de buscar o socorro governamental,
tiveram que trilhar um dificultoso caminho para
obter do cumentação civil, sofrendo com a
suspensão de atendimento por órgãos públicos.
Apenas em junho, alguns meses após a
decretação da situação de emergência, os
invisíveis aos repositórios oficiais de informação,
como CadÚnico, e os excluídos digitais, sem
acesso a aparelhos celulares, tiveram a
oportunidade de requerer o benefício por meio
de uma plataforma desenvolvida para recepção
dos requerimentos nas agências dos Correios, o
chamado "cadastro assistido".
Free download pdf