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O Globo/Nacional - Opinião
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

CACA DIEGUES - A política de


guerra


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Autor: CACA DIEGUES

Se a esquerda faz política demais, a direita por
sua vez não sabe fazer política, não faz política
nenhuma. Mas se ilude quem pensa que nosso
presidente de direita, Jair Bolsonaro, se elegeu
sem um programa claro, por puro prazer da
aventura política contra a política, a antipolítica
que ele tanto anunciou. Ele e sua turma nunca
se interessaram pela política como modo de
levar a sociedade em direção a uma agenda
que corrigisse o passado e organizasse o futuro,
não se prepararam para isso. Eles se
prepararam para uma guerra e só pensam nela.

Uma guerra que só ainda não foi escancarada,
fazendo mais vítimas e provocando mais
tiroteios aleatórios e insanos, por causa da
pandemia, por causa de um pequeno
animalzinho, um quase nada, o vírus assassino
que não permitiu que o bando de Bolsonaro
assumisse o papel central de seu tempo. A
guerra que programaram e pretendiam praticar
é humanamente menor do que a calamidade
pública provocada pela Covid-19.

Quem não se lembra das ameaças guerreiras
feitas pouco antes de se tornar trágica a
presença do vírus por aqui? Um dia, na
televisão, Bolsonaro nos garantiu que tinha
vencido a eleição de 2018 no primeiro turno e
que, portanto, tinha sido roubado. O presidente
afirmou que tinha provas disso e que ia mostrá-
las à nação. Faz mais de oito meses que esse
show passou na televisão... e cadê as provas?
Quantas vezes ouvimos dele, de seus filhos e
dos ministros mais queridos e alinhados, que
haveria muito em breve uma ruptura inevitável,
que não dava mais para suportar as
perseguições dos outros Poderes ao Executivo?
Quantas vezes ouvimos, desde há bastante
tempo, expressões como "agora chega" ou
"acabou" ou "não dá mais" ou coisa que o
valha? Faz tempo que essas expressões de
radicalidade começaram a ser usadas e, até
agora, a guerra não passou de fuxico.

O Brasil tem hoje perto de cem mil vítimas fatais
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