Clipping Banco Central (2020-08-03)

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Banco Central do Brasil


O Globo/Nacional - Opinião
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

ROBERTO RICOMINI PICCELLI E


RENATA ROCHA VILELLA -


Propaganda eleitoral obscura


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Autor: ROBERTO RICOMINI PICCELLI E
RENATA ROCHA VILELLA

Desde as eleições de 2018, a legislação no
Brasil permite uma forma particular de promover
anúncios de campanha na internet: o serviço de
impulsionamento oferecido pelas próprias
plataformas de mídia digital. Estudo do
Internetlab mostra que o recurso foi pouco
usado no último pleito, com grande
preponderância do Facebook, mas, se a
tendência no exterior for seguida por aqui, é
esperado um aumento do investimento nessa
forma específica de propaganda para este ano.

O impulsionamento é problemático por algumas
razões, em especial porque permite a
segmentação do público-alvo, o que pode
funcionar como incentivo a que candidatos
diferenciem maliciosamente suas propostas, de
acordo com a audiência selecionada. Os
critérios de precificação, além disso, são
obscuros. Não há uma tabela fixa de preços por
exibição do anúncio. Os valores variam segundo
muitos critérios, como a demanda por espaço
em um determinado público. Na prática, ocorre
uma espécie de leilão pelas impressões em
audiências particularmente disputadas.

A demanda, contudo, não é o único fator da
equação, porque a própria empresa diz
"subsidiar" os anúncios "relevantes" para que
"custem menos". Ou seja, o potencial de
engajamento da mensagem é levado em conta
pela plataforma, interessada nas interações que
o conteúdo pode propiciar. Em artigo na revista
"Wired", um antigo executivo do Facebook fez
uma comparação ilustrativa sobre a disputa por
espaços na plataforma. Segundo ele, na
acirrada disputa pela audiência dos estados
indecisos nas eleições americanas de 2016,
Trump levava vantagem sobre Hillary Clinton no
leilão dos espaços porque suas postagens
geravam maior engajamento. Tinha, então, mais
espaço por menos dinheiro: "Essencialmente,
Clinton estava pagando preços de Manhattan
pelo metro quadrado no seu celular, enquanto
Trump estava pagando preços de Detroit".
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