Clipping Banco Central (2020-08-03)

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Banco Central do Brasil


Correio Braziliense/Nacional - Política
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Reforma da Previdência

A pulverização da Câmara


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Autor: JORGE VASCONCELLOS
LUIZ CALCAGNO

A nova correlação de forças dos partidos
turbinou a disputa pela Presidência da Câmara
dos Deputados e colocou o presidente da Casa,
Rodrigo Maia, e o líder do Centrão, Arthur Lira
(PP-AL), em campos quase opostos. Embora o
próprio Maia tenha se referido ao movimento de
saída de seu partido, o DEM, do Centrão como
algo natural, para a maioria dos congressistas,
um dos recados foi claro: ele não quer passar o
bastão de comandante da Câmara para Lira, na

eleição marcada para fevereiro de 2021. Essa é
a principal disputa antes da briga pela
Presidência da República em 2022 e,
consequentemente, colocará fogo na relação
entre aliados do governo de Jair Bolsonaro,
podendo, inclusive, respingar no presidente,
caso ele erre a mão na hora de escolher quem
apoiar.

O movimento de saída do DEM e do MDB do
Centrão surgiu porque os partidos perceberam
que Arthur Lira usava o bloco para se colocar
como futuro comandante da Câmara. Ou seja,
"sentou na cadeira antes da hora", conforme
deputados comentam nos bastidores. E, assim,
passou a se aproximar do governo, como
detentor de 220 votos. O governo, óbvio,
adorou. Só teve um problema: o Planalto achou
que, ao negociar com Lira, poderia prescindir de
Rodrigo Maia e de outros. Não foi bem assim.
O encolhimento do Centrão, ao mesmo tempo
em que dá independência aos outros líderes na
hora de conduzir as votações em plenário -- e,
por tabela, mais autonomia na hora de negociar
com o governo --, abre, também, o leque de
candidatos ao comando da Câmara. O ocupante
desse cargo estratégico detém o poder de
definir a pauta da Casa e o andamento de
pedidos de impeachment. Daí, a ansiedade do
governo em ter ali um aliado do presidente da
República. Mas será preciso muito jogo de
cintura para controlar uma Câmara pulverizada,
com sérios reflexos no Senado.

Sabe-se, agora, que Lira, o nome que chegou
mais cedo à disputa nos bastidores, queimou a
própria largada. Ele sabia que não era o número
um nas apostas de Maia, que, dentro do PP,
tem preferência por Aguinaldo Ribeiro, líder da
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