Clipping Banco Central (2020-08-03)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Opinião
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Alimentação saudável, um direito


Clique aqui para abrir a imagem

Autor: José Graziano da Silva

É cada vez mais alarmante a situação de
insegurança alimentar no mundo. Segundo o
mais recente relatório sobre o tema, publicado
na semana passada por diversas agências da
ONU (Sofi 2020), aproximadamente dois bilhões
de pessoas seguem sofrendo de insegurança
alimentar moderada e severa – ou seja, não
possuem acesso regular a uma alimentação
suficiente, quantitativa e qualitativamente e
cerca de 750 milhões continuam em estado de
insegurança alimentar severa (conceito
equivalente à fome).

Se houver uma continuidade da tendência atual,

a fome e a má nutrição seguirão crescendo. De
acordo com as estimativas do relatório,
poderíamos ter ainda 840 milhões de famintos
em 2030.

No Brasil, a situação não é diferente. Embora
seja um dos maiores produtores mundiais de
alimentos, a insegurança alimentar nos níveis
moderado e severo, combinados, aumentou em
mais de 6 milhões de pessoas desde o triênio
2014-16, afetando cerca de 40 milhões de
brasileiros no triênio 2016-19. É interessante
notar que a insegurança alimentar severa
diminuiu ligeiramente no mesmo período,
indicando que o que cresceu mesmo foi a
insegurança moderada. Este aumento é um
indicador da piora da qualidade da alimentação,
por isso o documento aponta também um
crescimento da obesidade em praticamente
todas as partes do planeta.

Os dados do Sofi 2020 apontam que o mundo
produz mais que o suficiente de alimentos
básicos para alimentar a todos os seus
habitantes, principalmente commodities. Mas
não produzimos o suficiente de não
commodities (frutas, verduras e legumes) e
proteína animal para cumprir com a exigência
da FAO e da OMS, de 400g de frutas e vegetais
por pessoa por dia. Somente na Ásia, em países
desenvolvidos e em desenvolvimento, há
produção suficiente desses gêneros alimentícios
para atender toda a população.

O Sofi 2020, além dos números relativos à
fome, obesidade e má nutrição, analisa ainda os
impactos dos padrões de consumo alimentar
atual no clima e na saúde pública e os custos de
uma alimentação saudável. A mensagem do
informe é clara: a alimentação saudável não
está ao alcance dos mais pobres. Quase
Free download pdf