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Correio Braziliense/Nacional - Opinião
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Violência em nome de Deus


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Autor: Cida
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O nome do juiz é Sergio Luiz Ribeiro de Souza,
da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso
do Rio de Janeiro. Na semana passada, ele
tomou uma decisão de extrema importância,
digna de aplausos: proibiu a venda e a
publicação na internet do livro O que toda mãe
gostaria de saber sobre a disciplina bíblica, que
orienta pais ou responsáveis a educarem as
crianças com castigos físicos. É isso mesmo: a
autora da publicação repugnante, Simone
Gaspar Quaresma, usa o nome de Deus para
defender a violência contra vulneráveis.

O juiz também determinou que links para
palestras dela com o mesmo tema sejam
retirados da internet por Google, Facebook,
Amazon e pelo site com o qual ela colabora, que
tem o sugestivo nome de Mulheres Piedosas.

No livro e nas palestras, a "religiosa" sugere o
"uso da vara" para disciplinar os filhos e critica
os pais que refutam castigos físicos. O juiz
enfatizou, na decisão, que o direito à integridade
física e psicológica de crianças e adolescentes
deve prevalecer sobre a liberdade religiosa e de
expressão. Ele chamou a atenção para as
artimanhas das orientações. "A ré tem plena
ciência de que o que prega é contrário à lei,
tanto assim que ensina os pais a baterem em
locais que não sejam visíveis, bem como a
orientar seus filhos a não delatar as agressões",
escreveu. "O perigo de dano é evidente, haja
vista que os livros e vídeos incitando os pais a
agredirem seus filhos estão acessíveis ao
público, colocando em risco a integridade física
de crianças e adolescentes." Perfeitas as
colocações do magistrado, sem meias-palavras.

A Associação Nacional de Juristas Evangélicos
saiu em defesa da "religiosa". Disse que ela é
"respeitada escritora e conferencista no meio
cristão evangélico". Se assim for, representa um
perigo maior ainda, porque tem capacidade de
influenciar muitas pessoas. A entidade ainda
classificou a determinação do juiz como um
cerceamento da liberdade de expressão dela e
pretende recorrer ao Tribunal de Justiça, "que
certamente levará em conta esta grave violação
de direito humano fundamental", como destacou
a nota. Dá para acreditar num argumento
desse? Grave violação de direito humano
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