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Correio Braziliense/Nacional - Opinião
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Lei de Diretrizes da Crise


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Autor: LIVI GERBASEAssessora política do
Instituto de Estudos Socioeconômicos(Inesc)

Diante da crítica situação em que nos
encontramos, quando três crises se interagem --
a sanitária, a econômica e a social --, é prudente
reduzir as expectativas para 2021. Ultrapassada
a metade do ano, o Brasil já superou a marca de
80 mil mortes em decorrência da pandemia,
metade (49,5%) da população em idade
produtiva está desocupada e vemos as vítimas
da covid-19 nas periferias virarem novo
indicador para estudiosos da desigualdade.

Não é difícil prever, portanto, que os desafios
atuais vão continuar pelos próximos 12 meses.

Se, hoje, necessitamos da mão visível do
Estado, ano que vem também precisaremos de
tais recursos extras a fim de amenizar os
rescaldos desse cenário. Os poderes Executivo
e Legislativo são os únicos capazes de injetar
dinheiro na saúde, repassar mais verbas aos
estados e municípios, ajudar as empresas
castigadas com o isolamento social, combater o
desemprego e a queda de investimentos, entre
outras ações de recuperação da economia.

Contudo, o governo Bolsonaro não parece estar
entendendo dessa forma seu papel em 2021. A
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que
estabelece as metas e prioridades fiscais para o
ano seguinte, é termômetro para os planos de
gestão federal. E o projeto de lei (PLDO) que foi
enviado pelo Executivo no dia 15 de abril dá um
recado claro: em 2021, quem manda é o teto de
gastos.

No texto, que só não foi aprovado pelo
Congresso por causa da suspensão do recesso
parlamentar, o governo estima um deficit
primário de R$ 149,6 bilhões. Mas enfatiza que
a impossibilidade de estimar arrecadação por
conta da crise levará a uma meta de resultado
primário flexível e, logo, não haverá
contingenciamentos.

Apesar dessa positiva flexibilização em relação
à meta de resultado primário -- como acontece
em 2020 devido ao estado de calamidade -- o
governo anuncia a retomada do teto de gastos,
considerada no texto como a "âncora da política
fiscal" em 2021. Nesse discurso, a possibilidade
de o governo utilizar créditos extraordinários
para gastar além do teto, como vem fazendo em
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