Clipping Banco Central (2020-08-03)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Folha de S. Paulo/Nacional - Ilustrada
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
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Um abutre no lugar do lobo-guará


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Coitado do lobo-guará, rei do cerrado,
ameaçado de extinção. Com a ocupação
humana, foi sendo empurrado para mais longe,
onde a comida é menos abundante e a
sobrevivência, mais precária.

Um tipo de gentrificação, para usar uma figura
urbana.

Diferentemente de outras espécies de lobo, o
guará não vive em matilhas. É o próprio lobo
solitário, como o personagem do mangá. Pouco
agressivo, às vezes se aproxima dos povoados
e assusta geral. Volta e meia pode atacar algum

galinheiro ou animal doméstico, o que lhe vale
tiros e pedradas. Os biólogos dizem que ele
costuma levar a culpa por ataques de outros
bichos. Quer dizer, não janta e ainda apanha.

Olobo-guará já tinha problemas o bastante até
que o Banco Central resolveu estampá-lo na
nova nota de R$200. Na eleição realizada em
2001, havia ficado em terceiro lugar entre
espécimes da fauna que os brasileiros
gostariam de ver no dindim. Como costuma
acontecer nos concursos públicos, demorou,
mas enfim o bicho foi nomeado. O que poucos
entenderam: por que lançar uma nota agora, em
plena pandemia, justo quando o dinheiro anda
mais extinto?

Segundo o BC, é porque as pessoas estão
guardando o pouco que têm em casa, e porque
os beneficiários do auxílio emergencial não
retornaram o dinheiro ao sistema bancário na
velocidade esperada. A providência vai obrigar
que se troque as 200 pratas no mercadinho para
comprar feijão,

arroz e óleo de soja. Já os bilionários brasileiros
têm feito a parte deles e contribuído para a
economia girar, tanto que aumentaram seus
patrimônios em US$ 34 bilhões durante a
pandemia. Como tudo indica que suas fortunas
não correm o risco de ser taxadas, eles seguirão
impávidos, colossos, cada vez mais ricos.
Acumulando onças, peixes e lobos-guarás.

Não por acaso, nenhum dos nossos biliardários
assinou a carta em que 83 milionários do mundo
pediram a elevação dos impostos sobre os mais
ricos para contribuir coma recuperação
econômica pós-coronavírus. Em carta publicada
no site millionairesforhumanity.com, eles pedem
que os governos assumam sua
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