Clipping Banco Central (2020-08-03)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Especial
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

Ao tratar dos emergentes, Hatzius vê os países
asiáticos em melhor forma, com a América
Latina enfrentando uma situação difícil para
lidar com o vírus. Os países da Europa central
e do Leste Europeu ficam no meio do caminho.
Ao falar rapidamente sobre o Brasil, Hatzius diz
que a pandemia é um problema na América
Latina, observando que o Goldman Sachs
estima uma retração do PIB de 7,7% em 2020,
com um recuperação apenas parcial em 2021,
prevendo um crescimento de 4%.


Em relatório escrito há algumas semanas, o
Goldman Sachs ressalta a importância do uso
de máscaras e como isso pode evitar um
baque na economia. Segundo estimativa da
equipe de Hatzius, uma determinação nacional
para a utilização de máscaras reduziria a taxa
de crescimento diário de casos da doença em 1
ponto percentual, para 0,6%. Além disso, eles
traduziram os resultados em termos de PIB,
questionando o quanto o índice de
confinamento efetivo do Goldman Sachs
precisaria aumentar para cortar a taxa de
infecção na mesma magnitude que uma
determinação federal para o uso de máscaras,
estimando então o efeito sobre a economia.
Segundo os cálculos, uma ordem federal para
uso de máscaras nos EUA poderia substituir
“lockdowns” mais amplos, que tenderiam a
subtrair perto de 5% do PIB, estima Hatzius.
Para ele, os resultados tendem a se aplicar a
outros países como o Brasil. A seguir, os
principais trechos da entrevista.


Os efeitos da pandemia sobre a economia
global


“Acho que haverá alguns efeitos cíclicos e
alguns efeitos estruturais”, diz Hatzius. “Eu
colocaria a ênfase nos efeitos cíclicos, no
sentido de que o choque no PIB, emprego e
orçamento dos governos é muito grande. No
fim das contas, porém, a minha expectativa é


que haverá uma solução médica, muito
provavelmente envolvendo uma vacina. Nós
não sabemos exatamente quando isso vai
ocorrer, mas acredito que deva ocorrer no
próximo ano ou algo assim, permitindo que nós
façamos muitas coisas que não podemos fazer,
como viajar e atividades relacionadas ao
serviços de consumo. E, claro, há os legados
da crise, os efeitos macroeconômicos, para os
orçamentos dos governos e provavelmente
para o nível dos juros por um longo tempo, mas
não acho que esses fatores vão ter um peso
tão dramático sobre a economia.”

Aceleração tendências de longo prazo

“Acho que estamos vendo algumas tendências
de longo prazo, que já ocorriam antes de
fevereiro e março, sendo aceleradas pela crise
atual. É o caso da mudança do varejo, para
compras on-line, por exemplo, o que já
estavam em curso, sendo estimulado. Há
também a questão de mais reuniões virtuais.
Não acho que isso vá voltar ao passado. Você
mencionou as cadeias de oferta, algo que
também pode ter mudanças de prazo mais
longo, o que provavelmente já ocorria em
alguma medida na esteira da guerra comercial.
Todas essas coisas têm importância, mas os
deslocamentos cíclicos macroeconômicos de
curto prazo são muito maiores, na minha
visão.”

O impacto dos juros baixos

“Haverá um longo período de juros baixos. No
caso dos Estados Unidos, a nossa atual
expectativa é que não haja aumento de juros
até algum momento em 2025, embora eu deva
enfatizar que há muita incerteza a respeito.
Uma das consequências desse cenário é que o
valor de ativos financeiros que produzem fluxo
de caixa, como ações, é mais alto do que seria
em outro cenário. Esse é um motivo importante
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