Clipping Banco Central (2020-08-03)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Brasil
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

Gasto menor com juros é raro alívio


em quadro fiscal difícil


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Autor: Arícia Martins

A inflação controlada, que permitiu ao Banco
Central cortar a Selic para nível historicamente
baixo, diminuiu os gastos com juros do setor
público. Em 5% do Produto Interno Bruto (PIB)
nos 12 meses encerrados em junho, as
despesas com juros sobre a dívida pública vêm
oscilando na casa de 5% e podem terminar
2020 em patamar ainda menor, único aspecto
favorável no preocupante quadro fiscal do país,
avaliam economistas.

Com mais uma redução da Selic — que deve
chegar a 2% ao ano em agosto — praticamente
contratada na visão do mercado, a tendência de
queda das despesas financeiras deve continuar,

o que ajuda a tornar a alta da dívida pública
menos explosiva. Em 2019, a carga de juros da
dívida pública representou 5,1% do produto, ou
R$ 367,3 bilhões em valores absolutos.

Ainda assim, ponderam especialistas, déficits
recordes nas contas dos governo e a
perspectiva ruim para o crescimento, que tende
a ser fraco mesmo em 2021, devem manter o
endividamento público perto de 100% do
produto no médio prazo. Em junho, o indicador
aumentou 3,6 pontos percentuais sobre o mês
anterior, para 85,5% do PIB.

Fernando Rocha, chefe do departamento de
estatísticas do Banco Central, observou que o
pagamento de juros nominais atingiu R$ 21,5
bilhões no mês passado, ante R$ 17,4 bilhões
em igual mês de 2019.

Segundo Rocha, dois fatores influenciaram a
alta: os swaps cambiais, que tiveram perda de
R$ 4,9 bilhões em junho de 2020 e ganho de R$
9 bilhões em junho do ano passado, além dos
dois dias úteis a mais no sexto mês deste ano
em relação a 2019. “Esses fatores mais do que
compensaram as reduções na taxa Selic e nos
índices de preços”, disse.

Apesar da ligeira alta no último mês, Fabio
Klein, analista de finanças públicas da
Tendências Consultoria, estima que as
despesas com juros terminarão 2020 perto de
4% do PIB. Na série do BC, com início em 2003,
o menor percentual para um fim de ano, de
4,44% do PIB, foi atingido em 2012. “A Selic
deve ficar parada em 2% por um bom tempo, o
que ajuda a reduzir a pressão sobre o quadro
fiscal”, afirma Klein, que destaca a continuidade
da trajetória de recuo das despesas financeiras.
A Selic não é o único indicador que corrige a
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