Clipping Banco Central (2020-08-03)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Brasil
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

dívida pública, mas é referência importante
para o custo financeiro do setor público. Em
2016, observa o economista, depois de
começarem o ano em 9% do PIB, as despesas
financeiras caíram a 6,5% em dezembro e
seguiram em queda nos anos seguintes, para
6,1% em 2017, 5,5% em 2018 e, por fim, 5,1%
no ano passado.
“A suavização da conta de juros implica numa
taxa menos veloz de alta da dívida”, afirma
Klein. Considerando o cenário da Tendências
de retração de 7,3% do PIB este ano, inflação
de 1,5% e déficit primário de 9,9% do PIB, a
relação dívida/produto vai avançar a 95% em
2020, estima ele. O indicador deve se manter
em alta, rondando 100% do PIB, até 2025. “A
dívida cresce porque vamos herdar um
problema do lado do déficit, mas a taxas mais
reduzidas”, aponta o economista.
A dinâmica da dívida depende de três fatores,
aponta Guilherme Tinoco, especialista em
contas públicas: crescimento econômico,
resultados primários e taxa de juros real. O
único que está contribuindo com a trajetória do
endividamento é o último, afirma. Excluindo-se
os swaps cambiais, as despesas com juros
nominais estão em patamar ainda menor,
destaca Tinoco, em 4% do PIB nos 12 meses
até junho.
“Com a inflação baixa, a Selic deve ficar baixa
também por muito tempo”, diz Tinoco,
destacando que, de acordo com o boletim
Focus, do BC, o mercado projeta que a taxa vai
subir um ponto entre 2020 e 2021, a 3%
anuais. “Com patamares de juros normais para
o nosso padrão histórico, a relação dívida/PIB
tenderia a ser mais explosiva, mas, como as
taxas de juros devem ficar muito baixas no
mundo e aqui por algum tempo, isso dá um
alívio”, avalia ele.
Sérgio Vale, economista-chefe da MB
Associados, também espera que as despesas
com juros devem cair um pouco mais em
relação ao patamar atual, o que confere


alguma tranquilidade ao cenário fiscal, mas
pouca. “O problema são as outras duas partes
da composição fiscal. Com todas as pressões
de gastos e dificuldades de recuperar
arrecadação, o déficit primário não volta para a
casa de 1% no próximo ano”, disse,
acrescentando que um crescimento maior
também é essencial para que a dívida recue
como proporção do PIB.
Ao fim deste ano, estima Vale, a dívida bruta
vai ficar na casa 94% do PIB — e deve
aumentar para cerca de 100% do produto em
dois anos. “Para esse nível cair, vai depender
não só de juros, mas de esforço fiscal e de
destravar a economia para gerar crescimento.
Acho que não vamos conseguir nada disso.”
“O ponto aí é que por menor que seja a taxa de
juros, se a economia crescer menos que a taxa
de juros, o déficit nominal volta a crescer”,
resume José Francisco de Lima Gonçalves,
economista chefe do banco Fator, para quem o
juro baixo é pouco para fazer a economia voltar
a crescer. “Uma estabilização da relação
dívida/PIB por causa da queda dos juros é algo
frágil, que pode ser revertido ao longo do
tempo”, afirma Gonçalves. (Colaborou Estevão
Taiar, de Brasília)

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