Clipping Banco Central (2020-08-03)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Finanças
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Fed

que é preciso mais para ser uma moeda de
reserva importante do que atuar apenas como
reserva de valor, embora reconheça que o
debate sobre a credibilidade do dólar foi
lançado.


A analista do Commerzbank afirma, ainda, que
suas preocupações com o dólar se baseiam,
principalmente, no conflito sino- americano e
menos em questões como a inflação. “Meu
medo especificamente é que as empresas
abandonem cada vez mais o dólar por temerem
sanções econômicas ou até mesmo decidam
sair completamente do mercado americano —
em particular, as companhias chinesas”, afirma
Nguyen.


Como fonte de preocupação adicional, a
analista diz que a crise gerada pela
disseminação do novo coronavírus resultou,
não só em um considerável déficit em conta
corrente nos EUA, mas também em um enorme
déficit orçamentário — condição chamada de
“déficits gêmeos” —, o que pode trazer mais
pressão sobre o dólar. No entanto, devido ao
status do dólar como a principal moeda de
reserva, os EUA não tiveram problemas em
encontrar credores no resto do mundo no
passado. “Quem costumava ser uma fonte
particularmente confiável de financiamento
para a dívida dos EUA? Sim, correto, a China.”


Ela não espera que o Banco do Povo da China
(PBoC) comece a vender títulos do Tesouro
americano como forma de punição aos Estados
Unidos, mas diz estar atenta à saída natural
dos investidores chineses do mercado
americano, impulsionada por uma divisão
gradual das duas economias.


“Não é, de forma alguma, nossa suposição de
que o dólar dos EUA perderá seu status como
moeda de reserva mundial tão cedo, mas a
crise da covid-19 e o conflito entre os EUA e a


China semearam dúvidas suficientes para
justificar um aumento do prêmio de risco pelo
dólar”, diz. Para ela, o ativo que surge como
potencial vencedor desta situação é o euro, e
não o ouro.

Há quem discorde. É o caso de Roberto Dumas
e Daniel Miraglia, especialistas em
macroeconomia global da Omninvest. “O euro
é um projeto político e sua configuração é
muito fragmentada para substituir o dólar. O
euro tem essa deficiência por natureza”,
escrevem em relatório. Para os dois, o status
do dólar como moeda de reserva não está
ameaçado justamente pela falta de alternativas.

Dumas e Miraglia notam que aproximadamente
60% das reservas internacionais estão em
dólar no momento e lembram que os preços
das commodities são cotados na divisa dos
EUA. Além disso, os especialistas observam
que a maior parte da dívida também está em
dólar e que as novas emissões também têm
usado a moeda americana.

“Existem três condições para que o dólar perca
o status de moeda de reserva”, argumentam
Dumas e Miraglia. O primeiro é ter uma
alternativa para a moeda americana; o segundo
é haver menos dívida denominada em dólar
fora dos Estados Unidos; e o terceiro envolve a
menor dependência do dólar nos mercados de
commodities, em especial o petróleo. “O
mercado de commodities continua sendo
operado todo em dólar, praticamente, e é um
dos fatores que mantêm o status do dólar
inalterado.”

Assuntos e Palavras-Chave: Banco Central -
Perfil 1 - Fed, Banco Central - Perfil 1 - Federal
Reserve
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