Clipping Banco Central (2020-08-03)

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Banco Central do Brasil


O Estado de S. Paulo/Nacional - Espaço Aberto
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Estranho liberalismo


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Autor: Denis Lerrer Rosenfield

O assim chamado projeto de reforma tributária
do governo federal é assaz estranho. Tardou 18
meses para ser apresentado, pois, da forma que
foi feito, poderia ter sido entregue na segunda
semana do mandato, em fevereiro de 2019.
Com um pouco de preguiça, na quarta! Foi
enviada à Câmara dos Deputados, com pompa
e entrega pessoal, uma simples unificação do
PIS e da Cofins, quando nessa Casa e no
Senado tramitam duas PECs que, além de
contemplarem esses pontos, são muito mais
completas e abrangentes. Já há toda uma
discussão em curso, comissão mista, relator,
conversas avançadas com os secretários

estaduais da Fazenda para incluir no projeto o
ICMS, e assim por diante.

Não faz o menor sentido o governo entrar em
cena somente agora, salvo se a razão for
política, e não econômica.

Tendo perdido protagonismo, ele tenta resgatá-
lo. Seu risco consistia e consiste em ser deixado
de lado, tornando-se mero ator coadjuvante,
sem maior relevância. Foi ressentida uma
necessidade de exposição política, veiculando a
seguinte mensagem: também faço parte do
jogo! Entrando como novo ator, criou toda uma
encenação relativa a fatiamento, tentando
embaralhar o debate.

As falhas negociais são gritantes, porque a
primeira etapa pressupõe as demais, com a
alegação de que algo não contemplado neste
momento o será depois, sem que se saiba se
haverá depois ou, caso exista, qual será sua
proposta. Não dá para confiar. Os diferentes
agentes econômicos e sociais ficam literalmente
pisando em falso, alguns com medo de ter seus
interesses contrariados se disserem algo antes
do tempo, sem que se vislumbre, porém, o
próprio tempo! Em vez de entrar numa
discussão séria, aproveitando os projetos
existentes, o governo optou pela desorientação.
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