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O Estado de S. Paulo/Nacional - Espaço Aberto
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Democracia


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Autor: César Mortari Barreira e Marcelo de
Azevedo Granato

Nos últimos meses tem sido intenso o debate
sobre a conveniência ou superioridade da
democracia sobre outras formas de governo, em
particular no caso brasileiro. De pedidos e
ameaças de golpe militar a pesquisas de opinião
e campanhas jornalísticas, a democracia não sai
do noticiário.

Mas quem é ela, a democracia? Há diversas
respostas, decorrentes de distintas matrizes
teóricas. Sabemos, no entanto, que a

democracia moderna é caracterizada pela ideia
de representação. Em regra, elegemos aqueles
que tomarão as decisões coletivas em nosso
nome. Ou seja, nosso voto normalmente não
decide, ele elege quem deverá decidir.

Essa compreensão vai ao encontro da definição
que Norberto Bobbio dá à democracia: "conjunto
de regras de procedimento para a formação de
decisões coletivas, em que está prevista e
facilitada a participação mais ampla possível
dos interessados" (O Futuro da Democracia).
Trata-se de uma definição que Bobbio mesmo
chama de "mínima", e que também é formal, já
que ela não nos diz o que se deve decidir numa
democracia, mas quem deve decidir
("participação mais ampla possível dos
interessados") e como se deve decidir ("regras
de procedimento para a formação de decisões
coletivas").

Mas Bobbio não ignora a existência de valores e
condições da democracia. Alguns desses
valores e condições estão implícitos nas seis
regras pelas quais Bobbio especifica sua
definição "mínima".

A primeira regra dispõe que "todos os cidadãos
que tenham alcançado a maioridade etária, sem
distinção de raça, religião, condição econômica,
sexo, devem gozar de direitos políticos, isto é,
cada um deles deve gozar do direito de
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