Clipping Banco Central (2020-08-06)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Brasil
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

‘Saída para economia terá de vir da


política’


Clique aqui para abrir a imagem

Autor: Anaïs Fernandes e Lucas Hirata

A alavanca maior do crescimento brasileiro,
após nova pressão imposta pela pandemia, terá
de vir da política e do diagnóstico realista sobre
o país, onde a produtividade é pequena,
desigualdades têm piorado e a baixa confiança
é entrave, avalia Arminio Fraga, sócio-fundador
da Gávea Investimentos. Ao participar ontem da
Live do Valor , o ex-presidente do Banco
Central afirmou ainda que a taxa Selic pode
chegar a zero, mas isso não seria um bom sinal
sobre como anda a economia.

Com a expansão fiscal “colossal” na crise — e
que vai deixar sequelas — não é de se
estranhar que haja alguma manutenção da

atividade, mas o consenso ainda aponta para
retração em torno de 6% neste ano, “uma
enorme recessão”, e os últimos 40 anos
sinalizam uma fragilidade maior, do “modelo de
nação”, disse Arminio. “Minha experiência com
crise é que nunca sabemos onde é o fundo do
poço. Não estou otimista, mas é cedo para
saber o veredicto final.”

Sem um reconfiguração política, ainda que
existam dúvidas sobre seu caráter, porém, “não
vamos a lugar nenhum”, segundo o economista.
“Nossa saída, em última instância, terá de vir da
política para a economia.” Por ora, no entanto, o
que se vê são Poderes se digladiando. “Não é
um bom momento”, ele disse. “Em vez de um
pêndulo na política, parece que temos uma bola
de demolição. Acho que as coisas funcionam
melhor quando estão mais próximas do centro.”

Arminio nota que o Congresso até conduz
agenda de reformas, mas isso, na verdade,
reforçaria que o país precisa de “uma coisa
maior ”. “Uma democracia uma pouco mais
calma, que olhe mais para o longo prazo, que
faça as coisas de uma forma que inspire
confiança”, disse, citando a importância também
de temas “não econômicos”, como políticas
ambientais, armamentícias, de saúde e
educação. “É um sinal que tem de vir de cima e
que no momento não está aparecendo.”

Para Arminio, é preciso abordar a situação do
Brasil de forma “holística”, mas em um debate
“dentro de um escopo razoável”, incluindo
controle macroeconômico e fiscal — “muito
fragilizado”, ele ressaltou —, solidariedade,
como transferência direta de renda e
investimentos no Sistema Único de Saúde
(SUS), e atenção à produtividade. “Todas essas
receitas são compatíveis”, disse.
Free download pdf