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Valor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 2 - TCU

TCU aprova acordo que pode acabar


com disputa em torno de leniência


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Autor: Murillo Camarotto e Isadora Peron

O plenário do Tribunal de Contas da União
(TCU) aprovou ontem o acordo de cooperação
técnica com todos os órgãos envolvidos nos
acordos de leniência com empresas acusadas
de desvio de recursos públicos. Com o acerto, o
TCU passa a participar das negociações dos
acordos de leniência, que são conduzidos pela
Controladoria-Geral da União (CGU), a
Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério
Público Federal (MPF).

Ao acompanhar as tratativas mais de perto, o
TCU terá ciência dos desvios envolvidos,
podendo exercer sua expertise de calcular o
débito a ser imputado às empresas. Hoje, esse

valor é definido diretamente pela CGU, com
base em critérios da Lei Anticorrupção, ou pelo
MPF, sem nenhuma metodologia específica.

Pelo que ficou acertado, TCU, CGU e AGU
buscarão estabelecer parâmetros para os
critérios para cálculo do dano ao erário.
Identificada a cifra, o tribunal terá 90 dias para
se manifestar sobre a possibilidade de não
instaurar ou de extinguir eventuais processos
que já estejam em andamento e que envolvam
as empresas proponentes.

Prevista para ser assinada hoje, a cooperação,
ao menos em tese, coloca fim à uma queda de
braço entre os órgãos que se arrasta há pelo
menos cinco anos. O TCU reivindicava o direito
de fazer sua própria análise dos desvios e não
ter que subscrever passivamente o valor
definido pela CGU.

A Controladoria, por sua vez, sempre alegou
que muitas negociações exigiam sigilo e
sustentava que o tribunal poderia fazer seu
trabalho normalmente, mas mesmo assim não
compartilhava informações dos acordos. O TCU
ainda não teve acesso aos acordos já assinados
por CGU e AGU.

O tribunal, então, ameaçou declarar inidôneas
as empresas que já tinham acordo com a CGU,
colocando uma sombra de insegurança jurídica
sobre o instrumento da leniência. O caso foi
parar no Supremo Tribunal Federal (STF), que
acabou coordenando um acerto de contas entre
os órgãos envolvidos.

Ainda há, no entanto, risco de
desentendimentos. Excluído pelo texto de
participar das negociações, o MPF poderá se
abster de assinar a cooperação.
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