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Valor Econômico/Nacional - Opinião
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Produto Interno Bruto

A cruzada profana entre EUA e China


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Muitos americanos acreditam que o país tem a
missão de salvar o mundo. Por Jeffrey D. Sachs

Muitos cristãos evangélicos brancos nos
Estados Unidos há muito acreditam que o país
tem a missão, dada por Deus, de salvar o
mundo. Sob influência dessa mentalidade
cruzadista, a política externa americana
frequentemente passou da diplomacia à guerra.
Agora, corre o risco de fazer isso de novo.

Em julho, o secretário de Estado dos EUA, Mike
Pompeo, lançou mais uma cruzada evangélica,
desta vez contra a China. Seu discurso foi
extremista, simplista e perigoso - e poderia
muito bem colocar os EUA em rota de conflito
com a China.

De acordo com Pompeo, o presidente da China,
Xi Jinping, e o Partido Comunista (PC) da China
nutrem um “desejo de décadas por hegemonia
mundial”. É irônico. Apenas um país, os EUA,
têm uma estratégia de defesa na qual se propõe
a ser a “potência militar preeminente no mundo”,
com “equilíbrios de forças regionais favoráveis
no Indo-Pacífico, na Europa, no Oriente Médio e
no Hemisfério Ocidental”. A posição oficial
chinesa, em contraste, declara que a “China
nunca seguirá o caminho usual das grandes
potências de buscar a hegemonia” e que “à
medida que a globalização econômica, a
sociedade da informação e a diversificação
cultural se desenvolvem em um mundo cada
vez mais multipolar, a paz, o desenvolvimento e
a cooperação a benefício de todos continuam
sendo as tendências irreversíveis dos tempos”.

Vêm à mente a própria advertência de Jesus:
“Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho; e
então verás bem para tirar o argueiro do olho do
teu irmão.” (Mateus 7:5). Os gastos militares dos
EUA somaram US$ 723 bilhões em 2019, quase
o triplo dos US$ 261 bilhões gastos pela China.

Os EUA, além disso, têm cerca de 800 bases
militares no exterior, enquanto a China tem
apenas 1 (uma pequena base naval no Djibuti).
Os EUA têm bases militares próximas à China,
que não tem nenhuma perto dos EUA. Os EUA
têm 5,8 mil ogivas nucleares; a China, cerca de


  1. Os EUA têm 11 navios porta-aviões; a
    China tem 1. Os EUA lançaram muitas guerras
    no exterior nos últimos 40 anos; a China,
    nenhuma (embora tenha sido criticada por
    conflitos fronteiriços).


O mundo deu relativamente pouca atenção ao
discurso de Pompeo, que não apresentou
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