Clipping Banco Central (2020-08-06)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Opinião
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Produto Interno Bruto

evidências para sustentar sua declaração sobre
a ambição hegemônica da China. A rejeição
chinesa à hegemonia dos EUA não significa
que a China por si só busque uma hegemonia.
Na verdade, fora dos EUA, há pouca convicção
de que a China queira o domínio global. Os
objetivos nacionais da China explicitamente
declarados são ser “uma sociedade
moderadamente próspera” até 2021 (o
centenário do PC chinês) e um “país
plenamente desenvolvido” até 2049 (o
centenário da República Popular).


Além disso, o Produto Interno Bruto (PIB) per
capita da China em 2019 foi estimado em US$
10.098, menos de um sexto do americano (US$
65.112) - o que dificilmente serviria de base
para uma supremacia mundial. A China ainda
tem muito a correr atrás, mesmo para atingir
seus objetivos básicos de desenvolvimento
econômico.


Presumindo que Trump perca as eleições
presidenciais de novembro, o discurso de
Pompeo provavelmente não receberá mais
atenção. Os democratas certamente criticarão
a China, mas sem os exageros insolentes de
Pompeo. Se Trump vencer, porém, o discurso
de Pompeo poderia ser o prenúncio do caos. O
evangelismo de Pompeo é real e os brancos
evangélicos são a base atual do Partido
Republicano.


Como relembrei em meu recente livro “A New
Foreign Policy” os colonos protestantes
ingleses acreditavam que estavam fundando
um Novo Israel na nova terra prometida, com
as bênçãos divinas de Deus. Em 1845, John
O’Sullivan cunhou o termo “Destino Manifesto”
para justificar e comemorar a anexação
violenta [do Oeste] da América do Norte pelos
EUA. “Tudo isso será nossa história futura”,
escreveu em 1839, "para estabelecer na Terra
a dignidade moral e a salvação do homem - a


verdade imutável e a benevolência de Deus".
“Para essa missão abençoada para as nações
do mundo, que estão alheias à revigorante luz
da verdade, a América foi escolhida [...]”.

Com base nesses pontos de vista exaltados
sobre sua própria benevolência, os EUA se
envolveram na escravização em massa até a
guerra civil e em um apartheid em massa
depois disso; massacraram os índios
americanos ao longo do século XIX e os
subjugaram depois disso; e, quando
terminaram de expandir a fronteira no Oeste,
estenderam o Destino Manifesto para o
exterior. Posteriormente, com o início da
Guerra Fria, o fervor anticomunista levou os
EUA a lutar guerras desastrosas no Sudeste
Asiático (Vietnã, Laos e Camboja), nos anos 60
e 70, e guerras brutais na América Central, nos
80.

Depois dos ataques terroristas de 11 de
Setembro de 2001, o ardor evangélico foi
direcionado contra o “islamismo radical” ou o
“fascismo islâmico”, com quatro “guerras de
escolha” dos EUA (no Afeganistão, Iraque,
Síria e Líbia), que até hoje continuam sendo,
todas, fracassos. De uma hora para outra, a
suposta ameaça existencial do islamismo
radical parece ter sido esquecida, e a nova
cruzada tem como alvo o PC chinês.

O próprio Pompeo é um literalista bíblico que
acredita no fim dos tempos e que a batalha
apocalíptica entre o bem e o mal é iminente.
Pompeo descreveu suas crenças em discurso
em 2015, quando era parlamentar pelo Kansas:
os EUA são uma nação judaico-cristã, a maior
na história, cuja tarefa é lutar as batalhas de
Deus até o arrebatamento, quando os
seguidores de Cristo já mortos ou vivos, como
Pompeo, serão levados ao céu no Juízo Final.

Os evangélicos brancos representam apenas
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