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O Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e Informações
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

As pressões fiscais sobre a educação


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No cenário de incertezas da pandemia um dos
dramas mais angustiantes é o da educação.
"Enquanto o mundo enfrenta níveis
insustentáveis de desigualdade, nós precisamos
da educação - o grande equalizador - mais do
que nunca", disse o secretário-geral da ONU,
António Guterres. Mas também é preciso
proteger as crianças, os professores e suas
famílias, e ninguém encontrou a equação certa
para promover o retorno às aulas.

O desafio pode deixar legados positivos, como a
elaboração de metodologias de ensino remoto e
híbrido, novos canais de comunicação entre
escola e família ou a promoção da inclusão
digital e programas de apoio aos vulneráveis.

Mas isso só acontecerá se existirem recursos
técnicos e financeiros. A grande dificuldade é
que o impacto fiscal sobre a educação é duplo:
por um lado, o processo de adaptação aumenta
os custos imediatos; por outro, a queda na
arrecadação diminui a disponibilidade para
investimentos.

As estimativas do Todos Pela Educação
mostram que o conjunto de tributos destinados
apenas às redes municipais, responsáveis pela
educação básica, deve ter queda de 10% a
20%, algo entre R$ 15 bilhões e R$ 30 bilhões,
ou R$ 670 e R$ 1.339 por estudante. Ao mesmo
tempo, os gastos adicionais - com ensino
remoto, merenda, comunicação com as famílias,
subsídio a pacotes de dados de internet ou
materiais sanitários - devem atingir R$ 870 por
estudante.

Ante a perspectiva de colapso financeiro, o
Todos Pela Educação sugere ações executivas
e legislativas - muitas já em trâmite - para
amortizar o choque.

Em primeiro lugar, é preciso racionalizar os
gastos nas Secretarias da Educação. A
implementação da MP 934/20, que aguarda
sanção presidencial, pode otimizar as
estratégias de colaboração entre as três
instâncias da administração pública, por
exemplo, na distribuição às famílias dos
recursos para aquisição direta de alimentos.
Além disso, é preciso monitorar mais
atentamente do que nunca se Estados e
municípios estão destinando adequadamente os
recursos recebidos da União para a educação.
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