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O Estado de S. Paulo/Nacional - Espaço Aberto
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

O novo despontar dos semideuses


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Autor: Flávio Tavares

Nestes tempos de hoje, em que a poesia
desapareceu e a peste nos cerca, recordo a
lamúria do poeta Fernando Pessoa: "Arre, estou
farto de semideuses...". Sim, pois tanto os
semideuses quanto o profético Fernando
Pessoa ressurgem em meio à pandemia, como
se houvessem combinado enfrentar-se num
combate impossível que o novo coronavírus fez
acontecer.

E tudo aconteceu aqui pertinho, exibido nos
noticiários da TV. A cidade de Santos ampliou

sua condição de maior porto do País e
escancarou a face dos semideuses que, como
tumor maligno, corrompem o Poder Judiciário ou
fazem que seja visto como uma pá de lixo para
recolher os detritos da sociedade. Refiro-me à
cena reproduzida na TV em que o
desembargador Eduardo Almeida Prado Rocha
de Siqueira ofende com palavras um guarda
municipal que o multou na rua por não usar
máscara. A cena foi adiante em insensatez: o
desembargador rasgou o papel da multa e,
alardeando uma autoridade que o Poder
Judiciário não lhe deu, telefonou ao secretário
municipal para se queixar do guarda e chamá-lo
de "analfabeto".

A autoridade do desembargador restringe-se ao
âmbito judicial. Ou alguém pensa que os juízes
estão acima da lei? E mais ainda quando a lei
busca proteger a saúde e a vida, incluída a do
transgressor.

Entre nós, no Brasil, a exibição de "autoridade
suprema" tem até um apelido - "carteirada" -,
que expressa algo comum nos mais altos níveis
da sociedade e da governança.

Na recente demissão do ministro Sergio Moro, o
presidente Bolsonaro proclamou-se "chefe
supremo" (e o disse pelas "redes" e pela TV,
assim mesmo, com essas palavras), quando, de
fato, tão só comanda o Poder Executivo. "Chefe
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