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O Estado de S. Paulo/Nacional - Espaço Aberto
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
Os caminhos do tecnopopulismo
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Autor: Fernando Gabeira
De modo geral já se conhece como triunfam os
populistas. Interpretam as frustrações populares
em tempos de crise econômica. Criticam o
distanciamento das elites e tendem a valorizar a
democracia direta: acham que, uma vez
submetidos a escrutínio popular, toda a sua
agenda é majoritária.
Ainda estamos por construir uma teoria sobre o
declínio do populismo porque, em termos
históricos, ele acabou de se instalar em bases
novas, num contexto transformado pela
revolução digital. A pandemia deu-nos uma
pista.
Populistas como Trump e Bolsonaro tendem a
afirmar que os problemas têm soluções simples.
Diante da complexidade do novo coronavírus,
não conseguiram reagir, exceto pela negação.
O fato de ambos se terem apegado à cloroquina
como uma saída mágica é, de certa forma,
compreensível. A existência de um remédio
eficaz colocaria um ponto final em todo o drama.
Mas, como se diz no Brasil, o buraco era mais
embaixo. A complexidade da pandemia exigia
respostas nacionalmente integradas, aliança
com a ciência médica, uma visão mais flexível
de gastos na emergência, solidariedade pelo
sofrimento das pessoas.
Tanto Trump como Bolsonaro foram incapazes
de cumprir esse roteiro. A insensibilidade talvez
seja o fator mais impactante no seu fracasso.
No entanto, a pandemia foi o elemento
inesperado que precipitou a demonstração da
falsidade da tese de que os problemas dos
países são muito fáceis de resolver desde que