Clipping Banco Central (2020-08-07)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


O Estado de S. Paulo/Nacional - Espaço Aberto
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

se eleja o homem certo para o papel. Trump já
sentiu os efeitos e corre o risco de ser
derrotado nas eleições. Bolsonaro, também
assustado, saiu em campanha eleitoral, apesar
da distância no tempo.


Nem sempre há pandemias. Porém a rapidez
com que os acontecimentos se desenrolam é
um fator que sempre ajudará a demonstrar que
as soluções não são simples e isso encurtará a
vida política dos populistas.


No caso brasileiro, existe um fator tradicional.
Quase todos os eleitos prometem combater a
corrupção. Alguns, no curso de seu governo,
como foi o caso de Collor e mesmo de Lula,
acabam sendo envolvidos em denúncias.


Bolsonaro trazia um potencial explosivo na sua
prática anterior à chegada ao poder. É o
método que utilizou para contratar funcionários
em seu gabinete e nos de seus filhos.


As investigações prosseguem no seu mandato.
Não têm o poder de derrubá-lo. Mas o obrigam
a negociações, a buscar apoio em juízes que
certamente pedirão algo em troca por seus
favores. O resultado disso é que, por
necessidade, Bolsonaro tem de se conciliar
com as forças que, na campanha eleitoral, ele
insinuou que combateria.


De modo geral, o populismo se escora na
democracia direta e afirma que para realizá-la é
preciso remover os obstáculos institucionais.
Bolsonaro não conseguiu demolir o STF e o
Congresso. A prisão de Fabrício Queiroz foi um
marco que o fez compreender que precisaria
de ambos. Daí partiu para um acordo com o
Centrão no Congresso e a distribuição de
cargos, como sempre se fez no Brasil.

A bandeira anticorrupção foi para o espaço. Só
restava agora empunhá-la contra seus
adversários, governadores que também são
potenciais candidatos à Presidência.

Ao compreender que o movimento não
passaria numa área do eleitorado, Bolsonaro
precipitou o mergulho no passado. Não mais
combateria a corrupção, exceto na retórica,
mas iria apoiar-se nos setores mais fisiológicos
do Congresso e concluiria sua transição
buscando novos eleitores, escorado no
clientelismo, e não mais em demandas de
coerência. Sua viagem ao Nordeste, montado a
cavalo e usando um chapéu fake de vaqueiro,
é a expressão visual de sua metamorfose.

Outro fator que tem peso é a relação dos
tecnopopulistas com a imprensa profissional.
Eles a incluem no sistema decadente que
pretendem destruir. Consideram-na um lixo
desprezível e articulam sua comunicação por
meio das redes sociais e pequenos veículos
que possam comprar com sua verba
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