Clipping Banco Central (2020-08-07)

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Banco Central do Brasil


O Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e Informações
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Proliferação. Mais importante: os acordos entre
Rússia e EUA, que juntos possuem mais de
90% dos arsenais nucleares mundiais, estão se
dissolvendo.


Logo após retirar os EUA do tratado com o Irã,
Trump, sob alegação de irregularidades russas,
retirou o país do Tratado de Forças Nucleares
de Alcance Intermediário, que por três décadas
impediu as duas potências de desenvolverem
mísseis de curto e de médio alcance.


Em 2010, os dois países repactuaram a mais
recente versão do Tratado de Redução de
Armas Estratégicas, o Novo Start, que limita os
arsenais de longo alcance e permite inspeções
mútuas. O acordo expira em fevereiro de 2021,
e Trump chegou a dizer ao presidente russo,
Vladimir Putin, que não tem interesse em
refazê-lo. Um dos motivos de seu menosprezo
é que ele foi negociado pelo seu antecessor,
Barack Obama, mas o principal é que sua
administração espera que a Rússia aja
consistentemente para trazer a China para o
pacto. A tendência da Rússia, por seu turno, é
insistir que França e Reino Unido também
sejam envolvidos. Porém, é previsível que
estes países, sobretudo a China, relutem em
aderir a qualquer proposta de redução de seus
arsenais.


As ameaças de Trump podem ser um blefe - e
talvez ele nem esteja na Casa Branca para dar
a última cartada -, mas é um blefe perigoso. Se
o Start não for renegociado, pela primeira vez


desde 1972 já não haverá nenhuma limitação
bilateral que impeça Rússia e EUA de
ampliarem seus estoques.

Contra as esperanças de um mundo livre de
armas nucleares, o risco de um mundo em que
todos são livres para desenvolver suas armas
nucleares é cada vez mais real. A revisão
quinquenal do Tratado de Não Proliferação,
que deveria ter ocorrido no início do ano, foi
prorrogada em razão da pandemia, e promete
ser tensa. Antes de distrair a comunidade
global, a catástrofe real da covid-19 deveria
servir de alerta para a catástrofe potencial da
proliferação nuclear. As engrenagens do
relógio do Juízo Final continuam a rodar. Se
essa geração não pode desmantelá-lo, ainda
assim precisa fazer de tudo para paralisar a
contagem regressiva.

A covid-19 deveria servir de alerta para a
catástrofe potencial da proliferação nuclear

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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