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O Estado de S. Paulo/Nacional - Política
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

ELIANE CANTANHÊDE - Fardas,


armas, duvidas


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Autor: ELIANE CANTANHÊDE

Que a relação do presidente Jair Bolsonaro e
seus filhos com armas, munições, milicianos,
policiais e militares é um tanto complexa, todo
mundo sabe. Mas nunca ficou claro quais são
seus reais planos para as polícias estaduais e é
exatamente por isso que o ministro da Justiça,
André Mendonça, deve explicações ao
Judiciário, ao Legislativo e à sociedade
brasileira para dossiês contra "antifascistas", ou
antibolsonaristas. O principal alvo desses
dossiês são ... policiais.

De um lado, prospera a suspeita de infiltração
bolsonarista nas polícias, aumentando a

influência do presidente e reduzindo a dos
governadores. De outro, surgem esses dossiês
sobre policiais que se opõem a Bolsonaro e à
ingerência de cima. Quem faz dossiê contra
adversários e críticos é porque pretende usá-lo
para perseguição ou chantagem, como uma
extensão do "gabinete do ódio" do Planalto.
Coisa de ditaduras, não de democracias.

Não bastasse o Ministério da Justiça, também o
Ministério Público do Rio Grande do Norte
produz dossiês de policiais, com fotos, dados,
manifestações e posts nas redes, produzindo
um banco de dados de quem está "conos- co",
quem está "contra nós". Sabe-se lá em quantos
outros Estados a produção de dossiês está
virando moda. Se fossem sobre fascistas, até
daria para entender, mas são contra
"antifascistas". Ser contra antifascista é ser o
quê?

Quando se trata de polícia, instituição fardada e
armada, isso se torna particularmente intrigante


  • ou preocupante. No contexto brasileiro, mais
    ainda. Na política há três décadas, o presidente
    da República jamais se preocupou com
    Economia, Educação, Saúde, Meio Ambiente ou
    mesmo estratégia de Defesa, geopolítica. Seus
    mandatos foram consumidos na defesa de
    aumentos salariais para policiais e militares. Por
    trás disso, eleição, eleição, eleição.


Hoje presidente, Bolsonaro não se dedica só a
garantir votos nos setores armados, mas a
articular algo mais complexo, que não está
claro. Não bastam os votos de policiais, é
preciso manipulá-los, dominá-los? Com que
objetivo? Nessa direção, Bolsonaro só
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