Clipping Banco Central (2020-08-07)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Brasil
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

De novo surgem pressões para gastar


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Autor: Claudia Safatle

É fruto de uma imaturidade econômica a
percepção de que o Estado pode tudo, que não
há limites para o gasto público e que, se há
maneiras de burlar a lei do teto de gastos, é
preciso usá-las. Não é. Mesmo tendo uma
permissão legal para retirar, por exemplo, os
recursos do Fundeb (que financia a educação
básica) do teto, o gasto é computado como
aumento do endividamento. A relação da dívida
bruta/PIB caminha célere para insustentáveis
100%. Impacto igual sobre o endividamento terá
uma eventual capitalização da empresa estatal
Imbel (Indústria de Material Bélico do Brasil) ou,
ainda, a expansão dos pedidos de crédito

extraordinário. Essa visão decorre de uma certa
confusão entre a ideia econômica — que é
impedir o crescimento do gasto público — e
contábil do teto.

Aliás, na época da discussão sobre a lei do teto
— que permite que o gasto de um ano para o
outro seja corrigido apenas pela inflação
passada e não haja, portanto, aumento real da
despesa —, dois economistas se posicionaram
contra a retirada da capitalização das empresas
estatais do cálculo do teto. Foram eles: Adolfo
Sachsida, hoje secretário especial de Política
Econômica do Ministério da Economia, e
Roberto Ellery, diretor da Faculdade de
Economia, Administração, Contabilidade e
Gestão de Políticas Públicas da Universidade de
Brasília (UnB).

Sachsida lembra que foi mediante o excessivo
endividamento externo das empresas públicas
que o governo financiou as contas do balanço
de pagamentos nos anos de 1970 até o país
quebrar, em 1982.

Mesmo diante de críticas no então governo
Temer, a lei foi promulgada mantendo tal
possibilidade e, pouco tempo depois, ele
capitalizou a Caixa em R$ 15 bilhões. É bem
verdade que tal como aprovada a lei do teto, no
fim de 2016, não colocou o governo Temer em
apuros, pois as despesas na ocasião estavam
distantes dos limites estabelecidos.

Um dos aspectos positivos da lei era forçar a
discussão dos governos sobre a repartição dos
gastos. Ela tornaria obrigatório o debate sobre
onde cortar e foi o pano de fundo da redução de
gastos imposta na reforma da Previdência. A
economia obtida então, de cerca de R$ 1 trilhão
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