Banco Central do Brasil
Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central
Os R$ 200 fora do lugar
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Justificável pela inflação passada, nova cédula
gera ruído em cenário de declínio do dinheiro
em espécie
O Plano Real legou ao país o período de
inflação mais baixa desde os anos 1940 - mas
não exatamente uma inflação baixa.
Ao longo de 26 anos, de julho de 1994 a junho
último, o IPCA, índice de preços ao consumidor
que serve de referência para apolítica
monetária, acumulou alta de 521%. Dito de
outro modo, registrou média anual de 7,28%,
ainda elevada para os padrões internacionais.
Trata-se de variação mais do que suficiente
para desfazer as percepções iniciais do valor da
moeda. Custa crer, por exemplo, que a maior
cédula do real, a de R$ 100, tinha quando
passou a circular poder de compra
correspondente a mais de R$ 600 em valores
atuais.
Diante dos números, não deveria causar maior
estranheza a recente decisão do Banco Central
de lançar uma cédula de R$ 200. A cifra, afinal,
está longe de representar algum ponto fora da
curva da experiência brasileira ou global.
Pelas cotações desta quinta-feira (6) , a nova
nota valerá menos que as de US$ 50, US$ 100,
? 50,? 100 e? 200, para citar apenas as divisas
mais importantes.
Ademais, o Brasil e o mundo vivem um
momento de maior demanda por papel-moeda,
devido às incertezas decorrentes da Covid-19.
Aqui, o volume de cédulas e moedas em poder
da população saltou de R$ 214 bilhões para R$
270 bilhões entre março e junho.