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Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

O culpado final


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Autor: Ruy Castro

No dia 28 de junho de 1914, nacionalistas
sérvios comandados pelo terrorista Gavrilo
Princip mataram a tiros o príncipe Franz
Ferdinand, herdeiro do trono austro-húngaro, e
sua mulher, quando o casal se dirigia a
Sarajevo, capital da Bósnia. O ato colocou a
Rússia, a França e a Inglaterra contra a Áustria,
a Alemanha e a Itália e desencadeou a Grande
Guerra, que matou 9,2 milhões de soldados e 6
milhões de civis e deixou 20 milhões de feridos
e 10 milhões de refugiados. Princip não previu
essas consequências.

Em agosto de 1954, Gregorio Fortunato, chefe
da segurança de Getúlio Vargas, autorizou o
assassinato de Carlos Lacerda, jornalista de
feroz oposição ao presidente. Mas Lacerda só
saiu ferido, do que resultou um cerco que levou
Getúlio ao suicídio e consolidou o mito do
getulismo, que dividiria o Brasil por décadas.
Incrível Gregorio ter provocado isso.

Em 25 de julho último, em Minneapolis, George
Floyd, homem negro de 46 anos, morreu
asfixiado quando um policial branco, Derek
Chauvin, imobilizou-o por 846" com o joelho
sobre seu pescoço. Para Chauvin, a barbárie
que cometia contra um homem indefeso não
tinha maior significado. Mas à morte de Floyd
seguiram-se protestos que mobilizaram
centenas de cidades dos EUA em torno da
causa "Black Lives Matter" e podem determinar
o resultado de uma eleição presidencial.

Finalmente, nesta terça-feira, em Beirute, no
Líbano, a explosão de 2.750 toneladas de
nitrato de amônio estocadas num armazém
durante seis anos está sendo atribuída à
negligência de funcionários da zona portuária,
repetidamente avisados do risco de tragédia.
Muitos responderão por isso, mas em breve
surgirá o nome de alguém a quem cabia a
palavra final - culpado pela perda de tantas
vidas e pela devastação de uma cidade.
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