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Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Habilidades e conhecimento


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Autor: Claudia Costin

Tem sido frequente, hoje em dia, em muitos
países, incluir em currículos nacionais o
desenvolvimento de habilidades em vez de uma
lista daquelas a serem ensinadas. Isso permite
maior flexibilidade no trabalho do professor e
uma visão mais contemporânea do processo de
ensino.

Há, porém, um risco associado a essa
abordagem: alunos que vêm de famílias em
situação de vulnerabilidade costumam ter um
repertório cultural mais limitado, o que torna

desafiadora a tarefa de ler e entender textos
mais complexos. Se traduzirmos a competência
de ler e interpretar apenas como um conjunto de
técnicas, corremos o risco de diagnosticar
equivocadamente o problema de aprendizagem
do aluno como uma falha na habilidade leitora.

Steven Pinker, linguista canadense, costuma
dizer que, como o aprendizado inicial de leitura
envolve sobretudo decodificação, ou seja,
associar letras a sons, o repertório cultural da
família tem impacto menor no processo de
alfabetização. Quando, porém, a criança avança
nas séries escolares seguintes, a leitura de
textos um pouco mais avançados passa a
demandar referências históricas ou científicas
que ela pode não ter adquirido fora da escola.

Por isso é tão importante que se ensinem na
escola tópicos de história, ciências e geografia
associados aos textos colocados para sua
leitura, mesmo nos primeiros anos do ensino
fundamental. Caso contrário, estudantes vindos
de meios mais vulneráveis terão poucas
chances de remover os imensos obstáculos
para sua evolução na aprendizagem e na
prática leitora.

N o livro recentemente publicado "The
Knowledge Gap", a historiadora da educação
Natalie Wexler discute as desigualdades
educacionais existentes nos EUA e mostra que
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