Clipping Banco Central (2020-08-07)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Finanças
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

comunicação, está “a inclusão precoce do ano
de 2022 no horizonte relevante da política
monetária”. Na avaliação do economista, “o BC
colocou um horizonte de 28 meses na conta. É
algo bastante curioso pela longevidade, mas
também diante do momento de incertezas na
economia”.


Barboza também aponta que o Copom adotou
um discurso inconstante, mesmo diante de
projeções de inflação para 2021 bastante
abaixo da meta de 3,75%. O economista critica
ainda o apontamento do BC de que o espaço
para afrouxamento adicional é pequeno, se
houver. “Não temos evidência de que a política
monetária se torna contraproducente”, diz.


Ruídos a parte, boa parcela do mercado viu no
comunicado do Copom a intenção de manter a
Selic no nível atual de 2% ao menos até o fim
de 2021. Esse é o caso dos analistas da Itaú
Asset e do Citi, por exemplo. Para os
profissionais da gestora do Itaú, embora a
comunicação tenha sido “um pouco confus a”
nesse ponto, a interpretação foi que o Copom
quis sinalizar que não antevê alta de juro tão
cedo. “Até porque, no penúltimo parágrafo, o
comunicado discute a possibilidade de quedas
adicionais da Selic, de forma ainda mais
gradual.”


Com as indicações do Copom em mãos, o
economista Lucas Vilela, do Credit Suisse, diz
que o cenário se desenha para a permanência
dos juros em níveis bastante estimulativos por
um período prolongado. “Vemos o início de
uma normalização gradual da política
monetária na segunda metade de 2021, com
redução dos estímulos de olho na meta de
inflação de 2022”, diz Vilela. O cenário do
banco suíço aponta para a taxa básica de
juros em 4% no fim de 2021. No entanto,
segundo Vilela, “a assimetria na nossa
projeção está inclinada para uma Selic mais


baixa no fim de 2021, talvez em 3%, 3,5%”.

Por outro lado, mesmo com o “guidance”
proposto pelo BC, a 4E Consultoria mantém a
visão de que os juros devem começar a ser
elevados no segundo trimestre de 2021,
quando as atenções do BC tendem a se
concentrar na meta de inflação de 2022. Para
Juan Jensen, sócio da 4E, “quando tivermos
uma normalização, a Selic também deve voltar.
Não vamos ver a Selic em 2% por anos e
anos, deve começar a ser recomposta no ano
que vem”.

Para ele, a indicação do Copom serve para
mostrar que a Selic não deve subir nos
próximos meses, mas conforme o horizonte
relevante da política avança para 2022 e 2023
o cenário de inflação já deve exigir ajustes na
taxa.

Além do cenário de inflação e atividade, o
economista sênior do Banco MUFG Brasil,
Maurício Nakahodo, alerta ainda para o risco
fiscal que pode forçar uma elevação antecipada
de juros. “O risco de gastos temporários se
tornarem permanentes, em meio a tantas
pressões no Congresso, gera precupação”, diz
o analista, que vê a Selic em 3,75% no fim de
2021.

O economista-chefe da Exploritas, Andrei
Spacov, avalia que o BC se adiantou à
discussão e tentou deixar claro que o juro
permanecerá em níveis baixos por um período
prolongado, em linha com o observado pela
maioria dos analistas de mercado. Ele lembra
que há uma dissonância entre o consenso do
mercado mostrado pelo Boletim Focus e as
precificações para a Selic na curva de juros,
que ainda apontam para a taxa básica acima
de 4% no fim de 2021.

“Existe uma discrepância entre o que está na
Free download pdf