Clipping Banco Central (2020-08-07)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Finanças
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
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‘Forward guidance’ passa bem no seu


primeiro teste


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Autor: Alex Ribeiro De São Paulo

Análise

Ainda é muito cedo para conclusões definitivas,
mas o “forward guidance” passou bem ontem no
seu primeiro teste, apesar de toda a evidência
teórica e prática de que só poderia dar errado.
Os contratos DI de janeiro de 2022, que
concentram a apostas do mercado para a taxa
Selic no ano que vem, caíram de 2,77% para
2,56% ao ano.

Essa queda reflete um pouco o fato de que o
Comitê de Política Monetária (Copom) do
Banco Central deixou uma porta entreaberta
para novos cortes de juros, provavelmente em

reuniões intercaladas. Mas também reflete o
“foward guidance” de não subir os juros por um
período de tempo não especificado.

Um especialista diz que o BC já poderia cantar
vitória se, com o “forward guidance”, evitasse
que a curva de juros futuros empinasse. É o que
costuma acontecer quando o BC diz que chegou
ao limite de baixa de juros: sem muito espaço
do lado da queda de juros, sobra para o
mercado apenas especular sobre a alta de
juros. A queda dos DIs sinaliza, portanto, que o
mercado acha que o Banco Central poderá
entregar a promessa de não subir os juros.

A credulidade espanta, já que a experiência dos
banqueiros centrais com o forward guidance não
é das mais encorajadoras. Há alguns anos, o
Banco da Inglaterra se humilhou ao dizer que
não subiria os juros até a taxa de desemprego
cair abaixo de 7%. De uma forma inesperada, o
indicador furou esse patamar pouco tempo
depois, sem que isso significasse uma
recuperação econômica com implicações
relevantes para a inflação. O Banco da
Inglaterra se viu compelido a rever o seu
forward guidance.

No Brasil, o forward guidance também é um
moedor de reputações. O ex-presidente do BC
Alexandre Tombini foi um dos primeiros a se
encantar com o instrumento. Por mais de uma
vez, sinalizou manter os juros estáveis “por um
período considerável de tempo” — o período
considerável, numa das ocasiões, durou apenas
dois meses.

Ilan Goldfajn tentou fazer em 2018 um forward
guidance mais modesto, indicando um corte de
juros para uma reunião logo adiante. Mas
acabou arranhado quando não entregou o corte
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