Clipping Banco Central (2020-08-07)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Brasil
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Produto Interno Bruto

Flexibilizar teto de gastos é má ideia,


mas cada vez mais provável, diz


Ramos


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Autor: Hugo Passarelli

A eventual flexibilização do teto de gastos
públicos como maneira de abrigar as despesas
com a pandemia tem chances crescentes de
ocorrer, mas representa um risco à credibilidade
da política fiscal, opina Alberto Ramos, diretor
de pesquisa econômica para América Latina do
Goldman Sachs. A manobra poderia ser
realizada, porém, desde que de maneira
extraordinária, limitada a 2021, e acompanhada
de outras medidas na área.

“Quase que chegamos a um ponto em que o
teto não tem defensores. A equipe econômica
ainda luta um pouco contra isso, mas não
necessariamente com a intensidade e o vigor

que se via há um ano”, afirmou Ramos ontem
durante “live” do Valor.

Segundo ele, o Congresso parece hoje bastante
receptivo à ideia de ampliar o benefício
emergencial aos mais vulneráveis. “O governo
também entendeu o dividendo político desse
assistencialismo fiscal.”

O tema é delicado e abrir um precedente para
“furar ” o teto é temerário, a exemplo do que
aconteceu com a Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF), disse Ramos. “O teto é a única
âncora fiscal que temos no momento, abrir
exceções não é uma boa.”

Segundo Ramos, a continuidade de reformas
fiscais estruturais, já necessárias e ainda mais
urgentes após a pandemia, seria a única
maneira de passar um sinal aos investidores de
que o aumento de gastos é algo temporário.
“Reformas de médio e longo prazos dariam sinal
positivo para mercado se houver flexibilização
do teto”, afirmou ele.

Com ou sem o teto, o déficit primário do governo
deve seguir elevado no ano que vem, embora
em ritmo menor ao que se projeta para 2020. “O
Brasil não vai ter ajuste fiscal em 2021, apenas
diminuição do déficit primário de 2020”, afirmou,
lembrando que 2022 será ano eleitoral, o que
tende a afastar também ações de controle de
gasto.

Tudo somado, o Brasil não deve caminhar para
uma situação como à vivida pela Argentina, mas
o cenário vai inspirar cautela. “O Brasil não vai
ter crise fiscal, mas terá período de
vulnerabilidade fiscal”, afirmou ele.

Ramos considerou que, a partir dos indicadores
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