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Valor Econômico/Nacional - Opinião
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

As possibilidades para a educação e o


Fundeb


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Novo fundo está longe de ser uma “bomba
fiscal”. Por Priscila Cruz, Olavo Nogueira e
Gabriel Corrêa

A PEC do novo Fundeb, aprovada pela Câmara
e encaminhada ao Senado, é um extraordinário
avanço. Não obstante, artigos recentes têm
exposto críticas à sua pertinência com
preocupações relativas à saúde fiscal do país e
questionamentos acerca da eficácia do aumento
de investimento em educação. Dada a
complexidade do tema, é preciso descer nos
detalhes.

Primeiro, vale relembrar a lógica do Fundeb: são
27 fundos, um por Unidade da Federação, que
reúnem parte dos recursos já vinculados à

Educação dos estados e municípios e os
redistribuem com base no número de matrículas
de cada rede de ensino. O governo federal
complementa com um percentual (hoje de 10%)
sobre o valor arrecadado nacionalmente,
também utilizando para parte dessa aplicação
recursos já vinculados. Ou seja, o cerne do
Fundeb está na redistribuição de recursos já
destinados à educação pela Constituição.

Sem esse mecanismo, as redes mais pobres
ficariam apenas com recursos de receitas
próprias. Mais de duas mil não chegariam a R$
3.000 anuais por aluno e a desigualdade de
financiamento chegaria perto de 13.800%. Com
o Fundeb atual, o patamar mínimo é de R$
3.700 por aluno/ano e as disparidades reduzidas
a 570%.

A elevação do valor mínimo investido foi um dos
fatores que possibilitou a diversos municípios
fazer investimentos na melhoria da qualidade
educacional. Entre 2007 e 2017, a parcela de
alunos com aprendizagem adequada em língua
portuguesa no Ensino Fundamental I, atribuição
municipal, saltou de 28% para 60%.

Na iminência do fim da vigência do Fundeb, a
Câmara foi além de sua prorrogação. Ampliou a
complementação da União de 10% para 23% e
mudou as regras de distribuição dos recursos,
beneficiando ainda mais os municípios mais
pobres. No novo modelo, o patamar mínimo
saltará de R$ 3.700 para R$ 5.700 aluno/ano
em 2026.

E por que isso é importante? Ao relacionarmos
investimento per capita e resultados de
aprendizagem encontramos um limite – por volta
de R$ 5.500 por aluno/ano – abaixo do qual se
torna muito difícil uma oferta educacional de
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