Clipping Banco Central (2020-08-07)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Opinião
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

partimos da suposição de que podemos inferir
com precisão o número verdadeiro de casos
em meados de junho ao multiplicar por 150 do
número de mortes confirmadas por semana em
meados de julho (uma premissa elevada,
reconheço), os casos por semana aumentaram
de cerca de 600 mil para cerca de 1,5 milhão
com a “segunda onda no Cinturão do Sol”.


Desde então, o quadro geral ficou menos nítido
ainda. Como foi o caso em meados de julho,
um teste em cada 12 ainda dá positivo, e há
150 a 200 casos confirmados por milhão de
pessoas. Mas não fazemos mais testes hoje do
que fazíamos na época, e a data do resultado
de um teste típico agora está muito mais
atrasada em relação à data de realização do
mesmo teste – em alguns casos, em até três
semanas.


Se os EUA tiverem sorte, o medo causado pela
segunda onda no Cinturão do Sol terá levado a
uma vigilância maior com relação ao
distanciamento social e ao uso de máscaras, o
que permitirá que o número real de novos
casos em todo o país se estabilize em cerca de
1,5 milhão por semana. Mas se o país não tiver
sorte, esse número terá continuado a crescer,
para cerca de 2,5 milhões por semana.


É trágico, mas não temos como saber em que
pé estamos até que possamos contar os
corpos no fim deste mês. Só então poderemos
determinar se as mortes por covid-19 “apenas”
dobraram (de 4.500 para 9.000 por semana)
entre meados de junho e meados de julho ou
continuaram a crescerpara muito além desse
nível.


O fracasso generalizado dos EUA com os
testes significa que o país ainda está às cegas.
Como tal, ninguém sabe de fato o que
acontecerá se as escolas forem reabertas ou
se as refeições em recintos fechados e recitais


de música coral forem retomados. O
comentarista conservador David Frum passou
a primavera em Nova York e agora está em
Toronto. “Andar por uma cidade de 2,8 milhões
de habitantes com menos de cinco casos por
dia dá a sensação de estar no início da
recuperação”, escreveu ele no Twitter
recentemente.

Ele tem razão. Canadá, União Europeia e
Japão têm grande probabilidade de conseguir
recuperações econômicas substanciais neste
outono. O mesmo não se pode dizer dos EUA.
Na melhor das hipóteses, haverá uma
retomada mecânica do segundo para o terceiro
trimestre, principalmente porque os pedidos de
seguro-desemprego tinham caído de um pico
de 24 milhões para 17,5 milhões no início de
julho. Mas, dado que esses pedidos
aumentaram em um milhão da semana de 5 a
11 de julho para a semana de 12 a 18 de julho,
há todos os motivos para temer que continuem
a subir nas semanas seguintes. Em breve
teremos os números relativos à primeira
semana. Se os pedidos voltarem para a faixa
dos 20 milhões e permanecerem nesse nível
na entrada do outono, grande parte da
retomada mecânica será reduzida.

Para que os EUA tenham alguma chance de
recuperação econômica real este ano,
precisariam se concentrar em dois objetivos
primordiais. O primeiro é parar a disseminação
do vírus, para que as pessoas não tenham
mais medo de sair de casa e gastar. A segunda
tarefa é recolocar aqueles que perderam seus
empregos no setor hoteleiro e em outras
ocupações em ambientes fechados com alto
grau de contato pessoal, seja com a oferta de
serviços online ou com trabalhos em setores de
bens de investimento que não exigem contato
próximo com outras pessoas.

Os EUA têm todas as condições de fazer essas
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