A loucura da razão econômica / 177
M arx reconhecia a importância da formação de capital fictício e da especulação
de ativos, ao mesmo tempo que ressaltava a loucura da razão econômica dessas
práticas. Compreendia plenamente que essas relações interdistributivas constituem
“m omentos [agudos] d a economia” que afetam “a vida prática dos povos”. M as,
desnecessário dizer, essa é um a arena notoriamente opaca e mistificada das ativida
des capitalistas que resiste a resumos fáceis ou descrições superficiais.
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M as essa “ilimitabilidade” não pode ser confinada ao m undo do dinheiro de
crédito. Ela possui implicações para o m undo dos valores de uso e para o da pro
dução de valor:
o capital [...] é o impulso ilimitado e desmedido de transpor seus próprios limites. [...]
O capital enquanto tal cria um mais-valor determinado porque não pode pôr de uma
vez um mais-valor ilimitado; ele é o movimento contínuo de criar mais mais-valor. O
limite quantitativo do mais-valor aparece para o capital somente como barreira natural,
como necessidade que ele procura incessantemente dominar e transpor.14
Estudar a história econômica capitalista significa estudar essa loucura em ação.
Considere o seguinte fato, espantoso, porém demasiadamente concreto. Entre 1900
e 1999, os Estados Unidos consumiram 4,5 milhões de toneladas de cimento. Entre
2011 e 2013, a China consumiu 6,5 milhões de toneladas de cimento. Em dois
14 K ar\ M a nr. Q rundrisw. rir., n. 2 6 4.