A loucura da razão econônica- David Harvey

(mariadeathaydes) #1
A loucura da razão econômica / 179

Consequentemente, até pouco tempo atrás, os preços das matérias-primas
tenderam a aumentar. A atividade mineradora vem-se acelerando por toda par­
te. D a índia à América Latina, passando pela Austrália, montanhas inteiras estão
sendo removidas na procura de minério, prática que vem gerando todo tipo de
consequências políticas, econômicas e ambientais deletérias. A enorme expansão
de investimento urbano e infraestrutural na China provocou muitas ramificações
globais. Todos os países que exportam insumos básicos para a China saíram rapi­
damente d a recessão de 2007-2008: Austrália, Chile, Brasil e Zâm bia, assim como
Alemanha, que exportava equipamento de alta tecnologia para os chineses.
U m dos motivos para que o combalido capitalismo global sobrevivesse à crise
de 2007-2008 foi o crescimento constante do consumo produtivo na China. E
quase certo que os dirigentes do Partido Com unista em Pequim não planejavam
salvar o capitalismo global, mas foi isso o que acabaram fazendo.
Para explicar com o e por que isso aconteceu, preciso mergulhar m ais a fun­
do na história geoeconôm ica recente dos diferentes regimes de valor regionais.
E m 2 0 0 7 -2 0 0 8 , ocorreu um a crise financeira nos Estados U nidos. C o m o se
originou nos E stados U nidos, foi defin ida com o u m a crise global. H ouve crises
anteriores no Sudeste Asiático (1 9 9 7 -1 9 9 8 ), na T urquia e na A rgentina (2001-
2 0 0 2 ), mas foram consideradas crises regionais, circunscritas a regimes de valor
particulares. O s Estados U nidos ain da detêm um a das m aiores e m ais influentes
economias do m undo e a ocorrência de grandes instabilidades em seu interior
está fadada a transbordar e afetar outros regimes de valor regionais. H á inclusive
certos indícios de que form uladores de políticas públicas e instituições estadu­
nidenses tentaram ativamente dispersar os efeitos negativos da crise financeira
pelo resto do globo (por meio do controle de instituições internacionais com o
o F M I e do m ecanism o fornecido pelo dólar com o m oeda global de reserva) na
esperança de diluir os efeitos que teria internamente. A s crises tendem sempre
a se deslocar, mas deslocam-se m ais rápido com o apoio efetivo de agências de
poder estatal e políticos.
A crise de 2007-2008 foi, em primeira instância, relativamente localizada. Ori-
ginou-se em particular no sul e no sudeste dos Estados Unidos e em larga medida
a partir de especulação intensa nos mercados imobiliário e fundiário, alimentada
por crédito fácil e empréstimos subprime. D epois do crash da Bolsa de Valores em
2001, uma enxurrada de dinheiro especulativo escorreu para os mercados imobili­
ários estadunidenses (como ocorreu também na Irlanda e na Espanha, entre outros
lugares). U m excesso de liquidez inundou o mundo naquele período, e o capital
portador de juros tinha poucas oportunidades de investimento. Boa parte foi ab­
sorvida em mercados fundiários e na extração de matérias-primas, forçando os
nrem s caria vpv mais nara rima. O n an d o a hnlha psnernlafiva imnhiliária rcrmimii

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