A loucura da razão econônica- David Harvey

(mariadeathaydes) #1

2. O CAPITAL


“A primeira condição da acumulação é que o capitalista tenha conseguido vender suas
mercadorias e reconverter em capital a maior parte do dinheiro assim obtido. Em se­
guida [no Livro I de O capital\, pressupóe-se que o capital percorra seu processo de cir­
culação de modo normal. A análise mais detalhada desse processo pertence ao Livro II
desta obra.
O capitalista que produz o mais-valor [...] é, decerto, o primeiro apropriador, porém
de modo algum o último proprietário desse mais-valor. Ele tem ainda de dividi-lo com
capitalistas que desempenham outras funções na totalidade da produção social, com o
proprietário fundiário etc. O mais-valor se divide, assim, em diversas partes. Seus frag­
mentos cabem a diferentes categorias de pessoas e recebem formas distintas, indepen­
dentes entre si, como o lucro, o juro, o ganho comercial, a renda fundiária etc. Tais
formas modificadas do mais-valor só poderão ser tratadas no Livro III.
Aqui supomos, por um lado, que o capitalista que produz a mercadoria a vende pelo
seu valor [...]. Por outro lado, tomamos o produtor capitalista como proprietário do
mais-valor inteiro ou, se assim se prefere, como representante de todos os seus coparti­
cipantes no butim.”
O capital, Livro I, p. 639-40

Se o mapa da circulação do capital como um todo é uma representação racional da
forma como Marx concebe o movimento de capital como valor, como situar os três
livros d’O capital nesse mapa?

LIVRO I

Afora os três capítulos introdutórios, o Livro I se concentra quase exclusivamente
no processo de valorização. Ele nos conduz do momento em que o dinheiro se
torna capital-dinheiro até aquele em que o valor é realizado em sua forma-dinheiro
no mercado. O fluxo de salários para comprar as mercadorias necessárias para re­
produzir a força de trabalho, junto com o fluxo de lucro para alimentar o reinvesti-

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