Clipping Banco Central (2020-08-11)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
terça-feira, 11 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Ana Paula Vescovi

É extremamente difícil. É hora de
recolocarmos, por exemplo, uma discussão do
que seria uma reforma administrativa capaz
de tornar o Estado mais efetivo. Todos esses
sinais são importantes. Esse debate é difícil,
impopular, mas que precisará ser feito. Se
deixarmos isso para frente, provavelmente
vamos observar uma trajetória da dívida que
não se estabiliza e vamos ter uma sociedade
pagando mais por isso. Ou pela necessidade
de aumentarmos impostos ou por aumento de
taxas de juros, porque o risco de
sustentabilidade da dívida é claramente maior.
A conta se paga de alguma forma. Precisamos
saber de qual forma vamos organizar porque a
situação está claramente desorganizada.


O que acha de um ajuste pontual da regra do
teto?


Se há dificuldade jurídica na letra da lei para
chegar aos gatilhos (uma série de medidas
para interromper o crescimento da despesa), a
prioridade deveria ser acertar isso. Já têm
várias propostas que buscam dar condições de
acionamento do gatilhos. Essa é uma solução
viável de curto prazo.


Essa mudança não é prioridade no Congresso
agora?


Temos tido avanços em setores


microeconômicos, como a aprovação dos
marcos regulatórios, mas estamos dentro de
um claro retrocesso na questão fiscal. Se de
um lado temos um terreno que vai ficar mais
profícuo para atração de investimentos, de
outro temos ofuscação dessas oportunidades
porque se houver uma percepção de risco
crescente sobre a economia, os investidores
vão querer retornos maiores. Isso vai refletir
nas taxas de juros.

Boa parte da pressão é para ter investimentos
públicos do teto de gastos.

Precisa abrir espaço para investimento público.
É algo importante, principalmente se for
estruturado numa boa carteira de projetos.
Temos condições de endereçar uma boa
carteira de investimento público. Só não temos
espaço fiscal. O teto nada mais é do que um
símbolo, uma regra simples, do que é a
realidade: a restrição orçamentária. Se formos
simplesmente criando gastos, sem fontes,
vamos levar o Brasil à bancarrota.

Qual é o cenário se o teto cair?

Entraríamos num processo que a gente chama
de dominância fiscal. O Brasil cresce menos
com taxas de juros mais altas e desemprego
mais elevado. Não adianta negligenciar o
tamanho da restrição fiscal que nós temos. Não
tem saída. O Brasil está no sétimo ano em que
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