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O Estado de S. Paulo/Nacional - Política
terça-feira, 11 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

ELIANE CANTANHÊDE - Cavalo de


pau


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Autor: ELIANE CANTANHÊDE

Se dá de ombros para 100 mil mortos pelo
coronavírus, passou décadas defendendo
torturadores como Pinochet, Stroessner e
Brilhante Ustra, criou atritos em série com
parceiros tradicionais do Brasil e nunca deu bola
para inclusão social e combate ao racismo, à
homofobia e ao machismo, o agora nova e
prematuramente candidato Jair Bolsonaro deu
um cavalo de pau e mudou tudo em favor da
reeleição em 2022.

Os dois novos exemplos são a surpreendente
manifestação do presidente em defesa do
entregador de aplicativo ofendido por um

grandalhão racista e, também, sua decisão de
enviar uma missão humanitária em grande estilo
para o Líbano. Decisão tão acertada,
principalmente do ponto de vista do marketing,
que ele vai a São Paulo amanhã para o
embarque da missão ao vivo, em cores e pronto
para fotos.

Em 2017, Bolsonaro prometeu que, se eleito,
"não teria um centímetro demarcado para
reserva indígena e quilombola". E explicou: "Eu
fui num quilombo. O afrodescendente mais leve
lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu
acho que nem para procriador ele serve mais
(...) Se eu chegar lá (à Presidência), não vai ter
dinheiro pra ONG. Esses vagabundos vão ter
que trabalhar".

Com Bolsonaro de volta ao palanque, o papo é
outro. Foi por isso, e porque seus assessores
lhe deram o texto mastigadinho, que ele saiu em
defesa do motoboy Matheus Pires, negro, 19
anos, alvo de Mateus Prado Couto, que,
mostrando a própria pele, muito branca, atacou:
"Você tem inveja disso aqui".

Se Bolsonaro fosse falar de improviso, não ia
dar certo. Então, ele assumiu o texto do
Planalto: "Atitudes como esta devem ser
totalmente repudiadas. A miscigenação é uma
marca no Brasil. Ninguém é melhor do que
ninguém por conta de sua cor, crença, classe
social ou opção sexual". Nem parecia
Bolsonaro. E não era mesmo. Era o assessor.

Na campanha de 2018, Bolsonaro também criou
dificuldades diplomáticas para o então
presidente Michel Temer e uma confusão dos
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