Clipping Banco Central (2020-08-11)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Brasil
terça-feira, 11 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Corrida da vacina no país oferece um


belo troféu


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Autor: Pedro Cafardo

Pouca gente discorda de que o Brasil precisa de
algumas correções: de uma reforma tributária
para superar a iníqua situação em que os mais
prejudicados são os menos abastados; de uma
reforma eleitoral; de um programa para sanear
as finanças públicas; de obras de infraestrutura
em vários setores; de punições severas para os
que lançam mão de dinheiro público para
enriquecimento próprio ou gastos ilícitos; de
uma reformulação do funcionalismo.

Essas propostas cabem em qualquer plataforma
do Brasil de hoje, seja de esquerda, seja de
direita. Mas elas não são de nenhum político
atual. Foram itens do programa de governo

anunciado por Getúlio Vargas em 29 de outubro
de 1930, um dia antes de assumir o poder com
um golpe civil-militar que o manteria na
Presidência da República durante 15 anos.

Passando por São Paulo em comboio ferroviário
a caminho do Rio para assumir o poder, Getúlio
fez uma parada na Estação da Luz e foi ao
Palácio dos Campos Elíseos, então sede do
governo do Estado. Nas escadarias, discursou
para até 7 mil pessoas, segundo estimativa dos
jornais da época, e descreveu os principais
pontos de seu futuro governo.

A plataforma, naturalmente, não se limitava a
esses seis pontos. Ditador assumido, ele
anunciou e cumpriu suas promessas totalitárias:
suspendeu a Constituição, dissolveu o
Congresso, as assembleias e as câmaras
municipais, destituiu governantes dos Estados e
prefeitos, eliminou prerrogativas individuais,
instituiu um tribunal de exceção para julgar
crimes políticos e impôs censura à imprensa.
Enfim, um ditador com D maiúsculo que iria
fazer germinar a revolução constitucionalista de


  1. Leitura prazerosa e instrutiva para tempos
    de isolamento, a extensa obra “Getúlio”, de Lira
    Neto, detalha minuciosamente esses momentos
    da República.


Fica claro ao se estudar a história política
brasileira do século XX que os problemas do
país se arrastam durante décadas, por mais
bem intencionados que tenham sido alguns
governos posteriores à República Velha.

O primeiro item de um programa de governo já
era, há 90 anos, a reforma tributária, hoje ainda
em discussão no Congresso Nacional e que,
pelo visto, não será ampla. O combate à
corrupção já estava entre os principais itens
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