Banco Central do Brasil
Folha de S. Paulo/Nacional - Saúde
terça-feira, 11 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
Era a Bahia que o Brasil ainda precisa
conhecer
Clique aqui para abrir a imagem
Autor: Rita de Cássia Uipólito
JAIME SODRÉ (1947-2020)
Um famoso slogan diz que "o melhor da Bahia é
o baiano". Jaime Sodré não só fazia jus à
propaganda como parecia ser sua própria fonte
de inspiração.
Conheci o professor em Salvador, em 2004,
trabalhando na primeira secretaria voltada à
população negra no Brasil, a Secretaria
Municipal da Reparação, eu mestranda em
sociologia, ele, conselheiro.
Logo ficou claro que estava diante da melhor
fonte para compreender a Bahia que não
encontramos nos manuais acadêmicos ou
turísticos.
Graduado pela Escola de Belas Artes da Bahia,
Jaime era professor da Universidade Estadual
da Bahia e do Instituto Federal de Ciência e
Tecnologia da Bahia, na área de design gráfico
e desenho. A herança religiosa e cultural de
matriz africana na sociedade brasileira era seu
tema de estudos.
Tornou-se mestre abordando a influência da
religião afro-brasileira na obra do escultor
Mestre Didi. Ogã do tradicional terreiro do
Bogum, foi voz potente no combate à
intolerância religiosa. Da relação entre imprensa
e candomblé nasceu seu doutorado.
Como um homem à frente de seu tempo,
cobrava que não guardássemos o
conhecimento, afirmando que nossa vivência
poderia tornar a caminhada de muitos jovens
negros menos árdua.