Clipping Banco Central (2020-08-11)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
terça-feira, 11 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

continuidade a essas ações que têm impacto
social e na infraestrutura".


Ora, e onde é que Guedes irá "arrumar" esse
"dinheirinho"? O próprio ministro sabe a
resposta.


E ainda tem o teto de gastos. Segundo
projeção da lnstituição Fiscal Independente
(IFI), do Senado, o teto de gastos já será
rompido em 2021 caso não seja feita nenhuma
alteração. Com a inflação baixa que tivemos na
primeira metade do ano - comprimida ainda
mais pela pandemia - o aumento de despesas
permitido pelo teto para o ano que vem é de
apenas 1,9%. Ainda nos iludimos de que ele
será mantido?


O compromisso fiscal -o imperativo de colocar
as contas públicas em ordem, de modo que
gerem superávit- não precisa de grandes
decisões para ser abandonado. Não há nada
mais fácil do que ir aceitando esse e aquele
gastos a mais (cada um deles pouco relevante
em si mesmo). Por outro lado, é no mínimo
antipático negar uma nova despesa; e propor
corte numa já existente é positivamente
malvado. Como Bolsonaro vive pela
popularidade de curto prazo e ainda tem os
novos aliados do centrão para agradar, é muito
improvável que banque 0 discurso da
austeridade dos gastos.


A ideia da reforma tributária seria a de manter a
carga tributária inalterada. Troca PIS e Cofins
por CBS; troca encargos de folha por nova
CPMF. Mas se ficar no zero a zero não há
como bancar as novas despesas.

O Brasil tem carga tributária alta -cerca de 34%
do PIB para um país de renda média. Somos,
inclusive, o país capitalista com a maior carga
tributária da América Latina. Mesmo assim,
falar em aumento de impostos não é pecado.
Se os gastos forem aumentar mesmo se
Bolsonaro não quiser dizer "não" às demandas
por mais "dinheirinho" que chegam de todos os
lados-, é melhor ser transparente e fazer a
discussão agora com clareza do que
escamotear um aumento escondido na reforma
-0 que não enganará ninguém- ou, pior ainda,
empurrar a bomba fiscal com a barriga na
esperança de que no futuro, como que por
mágica, dar-se-á "um jeito". Não precisamos de
uma cloroquina das contas públicas.

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas, Banco Central - Perfil
1 - Paulo Guedes
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