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Correio Braziliense/Nacional - Política
terça-feira, 11 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Nas entrelinhas - Luiz Carlos Azedo


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Autor: por Luiz Carlos Azedo
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O gosto da governabilidade
Houve uma mudança na relação do presidente
Jair Bolsonaro com a política. É evidente que o
convite, prontamente aceito, ao ex-presidente
Michel Temer, para chefiar a missão de
solidariedade ao Líbano, aproxima do seu
governo de forma irreversível uma força política
que sempre teve um papel decisivo para a
governabilidade do país: o MDB. Simboliza
outra estratégia de governo, que deixa a rota de
colisão com o Congresso e o Supremo Tribunal
Federal (STF), ainda que as tensões com o
Judiciário tendam a se manter ao longo do
processo, por causa do caso Fabrício Queiroz.

Onde há política, há salvação para a
democracia representativa.

A postura humanitária de Bolsonaro em relação
ao Líbano é até um contraponto à espantosa
falta de empatia com as mais de 100 mil famílias
enlutadas por causa da covid-19. O luto oficial
decretado pelo Congresso e pelo STF não
mereceu o mesmo tratamento do Executivo.
"Nos próximos dias partirá do Brasil, rumo ao
Líbano, uma aeronave da Força Aérea
Brasileira, com medicamentos e insumos
básicos de saúde, reunidos pela comunidade
libanesa radicada no Brasil. Também estamos
preparando o envio, por via marítima, de 4.000
toneladas de arroz para atenuar as
consequências das perdas de estoque de
cereais destruídos na explosão", anunciou o
presidente da República, que até hoje não
nomeou um ministro efetivo para a Saúde. Em
algum momento, a pandemia cobrará seu preço.

Mais uma razão para a avaliação de que o gesto
sem relação ao Líbano vai além das motivações
humanitárias e mira o futuro da relação do
governo com o Congresso, uma vez que o MDB
tem chances reais de liderar tanto a Câmara
como o Senado. O deputado federal Baleia
Rossi (SP), atual presidente do MDB, pode vir a
ser o nome apoiado pelo deputado Rodrigo
maia (DEM-RJ) à própria sucessão. Além disso,
no Senado, embora o presidente Davi
Alcolumbre (DEM-AP) tenha a ambição de se
reeleger -- quebrando a tradição --, a bancada
do MDB já é a principal força de sustentação do
governo na Casa. O líder do governo, Fernando
Bezerra (PE); o líder da bancada, Eduardo
Braga (AM); e a presidente da Comissão de
Constituição e Justiça, Simone Tebet (MT), são
nomes capazes de liderar uma maioria robusta,
mais governista ou mais independente,
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